quarta-feira, 7 de julho de 2010

TRIBUTO AO CAFÉ

As pessoas passam apressadas enquanto termino meu expresso. Aproveito cada gota como se me agarrasse aos últimos momentos do prazer. Os funcionários da cafeteria ensaiam um ritmo frenético e o esguicho do café fresco enriquece o ambiente com seu cheiro agradável causando uma certa nostalgia. Casais enamorados confabulam seus planos, absortos um no outro, não notam o que se passa ao redor.
Estou aqui sozinha no centro tumultuado da antiga capital. Acabei de ver Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Burle Marx no museu. A arte também ecoa nas ruas circundantes e o som da buzina dos carros e das vozes a minha volta me fazem acordar dos meus devaneios.
Lembro que daqui a poucos instantes o celular tocará e os afazeres conturbados me levarão de volta à rotina de um futuro ainda desconhecido. Será que continuarei no labor diário na distante cidadela? Não sei, mas estranhamente não estou preocupada. Acostumei a inconstância da minha vida e quase nada me desconcerta. Deixo o coração acelerar somente por emoções palpáveis como o líquido negro que toca meus lábios com  suavidade. Ah, me reporto novamente ao café, não sei explicar o efeito que provoca em mim!
Doce, amargo, quente, frio, delicado e forte. Não vejo minha vida sem ele. Necessito de café! Agora sinto meu vício cada vez mais perto e me entrego. Agradeço a todo esse turbilhão de sabor que inspira minha alma. Amanhã, outro dia, uma única certeza: uma nova xícara de  café...

Um comentário:

  1. Deste jeito vou caminhar para este vício. Transformar o simples café no café das palavras foi sensacional e imagético. Imaginei o prazer que ele lhe causa. Abraço.

    ResponderExcluir