segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CHUVA

Chuva que cai lenta
Molhando os corpos
Umedecendo as almas
Menina bonita
Olhar sempre aflito
Numa busca incansável
Pelo amor desmedido
Chuva que cai devagar
Acalme esse coração
Que descompassado
Acha difícil esperar
Amanhã já é terça
E seu bem há de chegar
Chuva que cai miúda
Acalme esse fogo que queima
Essa pobre menina bonita
Sua vida é sempre espera
E ele há de chegar
Com seus pingos que caem devagar...

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

QUASE CASTIGO

Hoje foi quase castigo
Estar tão perto e tão longe
A poucos centímetros
De um toque,
Ensaiá-lo 
E mesmo assim 
Desviar as mãos
E não tocá-lo então,
Aprendi a querer
E agora meu corpo
Não obedece,
Da próxima vez confesso
Não deixarei de beijá-lo
Se de mim estiver perto...

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

VÍCIO


Preciso aprender a calar!
Minha boca acostumou a expressar minhas opiniões,
Meu rosto reflete o que vai em minh'alma: alegria, tristeza, ansiedade, satisfação...
Preciso aprender a domar o meu vício!
De dizer o que penso,
E expressar o que sinto!
Até porque o que ele me trouxe?
Apenas incompreensão!
E pra falar a verdade,
Acho que os outros tem razão!
Senhor, ajude a me curar dessa obsessão!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

PRAZER


Sensação de êxtase
Que invade o corpo
Vazio de pensamento
Estática de ações
Calmaria...
Sentidos entorpecidos
Reflexos incontroláveis
O corpo  não  obedece
Satisfação...
Eis a síntese do prazer
Que invade a alma
Deságua no corpo
E deixa o gosto
De mais querer...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

AMOR

Amor,
Que livre passeia de mão dadas na praça
Que beija suave com a brisa espalhando os cabelos
Que confessa segredos sussurrados no ouvido
Que abraça apertado sentindo o calor das almas...

Amor,
Que juntinho observa a cúpula da igrejinha
Que compartilha a bala de menta
Que dá amassos no banco do carro
Que canta acompanhando a canção do artista...

Amor,
Que se confessa apaixonado
Que faz planos pra eternidade
Que tem ciúmes do olhar do outro
Que ama, só ama e mais nada...

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PRISIONEIRA DE MIM

Meu terapeuta me disse que quando apareci em seu consultório há três anos atrás, nunca imaginou que eu pudesse evoluir tão rápido. Lembro-me daquele dia: uns 12 quilos a menos (hoje peso 60 kg), roupa preta, olhar sem vida, meu único sentimento era o medo e mais nada.
Fui nesse período me abrindo pro mundo, deixando a pessoa encarcerada dentro de mim mesma se libertar. Na verdade, eu mesma era prisioneira de mim. Desde menina, hoje olhando as fotos, se via uma tristeza oculta, inconscientemente meus pais me faziam acreditar que era responsável por tudo: "Ela é uma mocinha aos seis anos de idade!, Nossa filha é uma aluna exemplar!, Tome conta da sua irmã caçula!". Acreditei que a culpa por algo não ter dado certo era sempre minha.
Cheguei ao consultório sentindo o peso do mundo sobre mim. A culpa: pela morte do meu pai (ele enfartou!), pela difícil relação com a minha mãe (ela tem distemia!), pela profissão que não me rendia o que eu "achava que por tamanha inteligência" merecia (sou inteligente, mas não um gênio!), pelos relacionamentos que não davam certo (eu exigia demais de mim!), entre outras coisas.
Tinha convicção que não tinha dado certo e que a única responsável por isso era eu! E de certa forma tinha razão, porque acreditei que seria eu a cuidadora da família após a morte do papai, que era mesmo um fracasso de profissional, apesar de como professora ter experimentado todos os níveis de ensino, até em faculdade cheguei a dar aulas, que eu não era hábil para lidar com namoro. Desse jeito, adoeci.
Hoje, depois desses anos de terapia, descobri que meu pai faleceu em função do desgaste em seu organismo, que mamãe é minha mãe, mas isso não quer dizer que tenhamos afinidade, portanto evito embates e não me responsabilizo mais por suas ações, ainda tenho sobrecarga quanto às soluções dos problemas familiares, mas venho tentando dividi-los paulatinamente com minha irmã, no trabalho sou uma boa profissional por isso exijo respeito, estou namorando, ele é um cara muito legal, pela primeira vez estou amando, mas não me desespero se disse ou fiz algo que possivelmente ele não gostou, afinal ele também às vezes diz ou faz coisas que não me agradam, sou segura o suficiente para saber que esses entraves fazem parte da relação.
Estou em liberdade condicional, após anos na prisão. Fui prisioneira das ideias imutáveis, das certezas eternas, da culpa, do medo, da cobrança exagerada, da perfeição, da mordaça que calava minha voz e me impedia até de escrever meus versos.
Uma coisa descobri: eu mesma tinha a chave da minha cela. Tive coragem de abrir a fechadura e me conhecer de fato. Confesso que gosto mais de mim agora.