quarta-feira, 26 de maio de 2010

VIOLÊNCIA


Houve um tempo
Um tempo incomum
Ouve-se um tiro
Um tiro e mais um.

Na madrugada cansada
Nas asas da violência
O pobre vitimado, atenta
Na alameda da inconsciência.

Nos arredores do Brasil
Na corrupção dos menestréis
Não existe solvência
Nessa guerra vil.

O povo cansado vive
Se vive, ora não sei,
Só sei que obstante segue
Não importando onde o caminho o leve.

Nas costas do assalariado,
No choro do marginalizado,
Na buzina dos carros da esquina,
Na morte que ronda à espreita,
Encontra-se a verdade cinza
De um país, ora cansado,
Ora aterrorizado,
Ora acabado:
Brasil, Brasil, Brasil!

domingo, 23 de maio de 2010

VIDA & CANÇÃO


Ouço uma bela canção
O relógio sem ponteiros
A transforma em oração
E o tempo nada espera.

Nos minutos seguintes
Minha vida passa num compasso
E a canção separa a linha tênue
Entre vida e morte.

Ouço uma bela canção
Que o relógio sem ponteiros
Transforma em breve oração
Os CD's ocupam todo espaço
E neles guardo o último sopro de vida.

Minha vida segue o ritmo doce
Meu coração pulsa embalado
E sonho grandes sonhos
E viajo por muitos mares
E naufrago a alguns instantes
Do último compasso.

Ouço uma bela canção
E minha vida escorre
Por entre o refrão
Agarro-me a um novo CD
E entao estou salva.

Minha vida recomeça
Sonho outros sonhos
Viajo por outros lugares
Naufrago em outros mares
E vivo
Antes do fim da canção...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

O CRIME COMO FILOSOFIA DE VIDA


        Hoje me aconteceu um fato muito triste. Vi um "homem-sociedade" massacrar uma "pessoa-povo". Jamais poderia imaginar ou poderia sim, mas preferia não ter presenciado algo tão monstruoso e vil.
       Nas lágrimas do rosto sacrificado, a verdade de um país criminoso. O crime no Brasil compensa! O poder está entregue a homens gananciosos e repugnantes, homens que fazem dos crimes contra o povo sua filosofia de vida.
       Infelizmente eu tenho muita pena do meu país, pena do meu povo, povo que luta e perde, chora e sofre, povo manipulado, povo violentado, povo injustiçado.
      O Brasil clama por justiça! O futuro do país está entregue a homens que são capazes de sorrir ao verem uma criança morrer de fome. Homens que se divertem com a ignorância do povo.
     Eu choro, por meu povo. Povo este que se ajoelha diante de seus carrascos e beija seus pés. Povo que agonizando não sabe clamar por justiça.
    Eu tenho muita pena de homens como esses. Homens "poderosos", mas também impiedosos!

domingo, 16 de maio de 2010

O GRANDE BAILE


No bosque, a bicharada
Foi inteira convidada,
Para o baile na casa do leão,
Que era o rei da confusão!
As aves, em bando,
Ficaram encarregadas das músicas,
Para alegrar a multidão.
Mas o problema do leão
Era a sogra.
Pobre leão!
Dona Conceição, era mesmo um furacão,
Adorava enfernizar a vida do grandão!
Num jipe alucinada,
Atropela a multidão.
Acabando assim, com a festa do rei leão!

AS TRÊS IRMÃS


Anita, Clara e Clarinda são irmãs
Sempre as três, sempre juntas
Anita, a primeira
Era do pai a favorita!
Clarinda, a segunda
Era por todos dita linda!
E Clara?
Pobre Clara!
Não era tão querida quanto Anita
e não era mais bela que Clarinda...

A CAMISA QUE LHE DEI


Hoje peguei a camisa que lhe dei num antigo aniversário. Bege, cheia de revólveres e estrelas de xerife. Já bastante usada, por isso ainda guarda seu perfume. Ainda consigo vê-lo dentro da camisa. Seu rosto sempre tão terno e aquele sorriso constante. Ainda vejo seus olhos brilharem, cheios de amor. Guardo com carinho sua camisa.

Hoje não posso abraçar seu corpo, pois este já não possui vida e, a saudade que ficou é atenuada ao afagar sua camisa, aquela que lhe dei. No colarinho desbotado pelo trabalho árduo, que fez sua camisa tantas vezes lavada, sinto ainda mais forte a sua presença, suas atitudes honestas e invejáveis. Homem de grandes virtudes! Todos proclamam.

Na velhice de sua camisa vejo o envelhecer da vida. Hoje me sinto mais antiga, talvez seja a maturidade chegando. Vejo todos sentirem sua falta, querendo manter as coisas do jeito que você gostava, mas ninguém consegue. Suas coisas, do seu jeito, só você sabia fazer.

Sinto a sua falta e, escondo o meu desespero dando um nó em minha própria garganta...

Texto dedicado ao meu avô, Didier Marra, o Seu Zizito. O homem mais nobre que conheci. 1992

quinta-feira, 13 de maio de 2010

RAPIDINHAS


Dois cumpadres conversam no interior do Brasil:
- Cumpadre, ocê acha que o Brasil é um país sério?
- Acho que não, por quê?
- Outro dia vi falar que tamo acabando com a corrupção!
- Tamo nao, cumpadre?
- Mas eu vi no jornar!
- E a operação Satiagarra?
- Que isso? Vi falar não!
- Um tar Procópio, mandou espionar uns tubarão.
- Entao, foi bão?
- Pra ele não!
- Como assim?
- Cumpadre, o homem foi parar na prisão!
- Eita, nóis! Vamos parar de pescar então!

Numa escola de um certo país,
um aluno conversa com seu professor:
-Professor, cê num pode fazer pulítica aqui dentro nao!
-Quem disse?
-Vi falar que não é bão! O senhor pode ser chamado atenção!
-Agora, que nada! Obedeço só as esferas superiores!
Outro aluno que prestava atenção cochichou:
-Que esferas são essas?
-Só podem ser o Sol e a Lua, afinar!
-Hum... Acho que os dois não vaum descer aqui embaixo!
-Será? Pode ser alguma jogada?
-Ah, ocê é mesmo burro! Aquele tar de Newton diz que num pode naum!
-Rapaz, no Brasil as Leis de Newton não valem!
-Por quê?
-Porque as leis aqui só servem pra enganar os bobão!

Duas comadres nos confins do Brasil:
-Cumadre, queria ver esse tar de cinema!
-Cê sabe que tá passano o firme do Presidente!
-Sei, vi na televisão! E pode?
-Sei lá, taum falano que é campanha eleitorar!
-Mas cumadre, por que tão falano isso?
-Deve ser por causa da Copa do Mundo!
-Copa? Tem nada a ver naum! Tem?
-Cumadre, esse ano né ano de eleição?
-Ah, mas depois que o Brasil ganhar a Copa, ninguém vai lembrar disso!
-Então, vamos mudar de prosa, porque de futebol, entendo nada naum!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Conversão em Letras


Num entrelaçar de histórias, Rosivar Marra Leite em “O Escoteiro e o Lobinho” torna-se uma grande maga ao narrar belissimamente o passado. Isso mesmo: maga. Pois a autora utiliza o pretérito, que se reengendra e se reencarna em várias narrativas, e depois, como recriação, quando o leitor revive as imagens descritas das personagens por um narrador onisciente e observador, convoca-nos a adentrar nesse universo mágico e simples. Puro encanto!
Com efeito, a atitude da escritora, em uma obra direcionada ao público infantil, assemelha-se com a do mago, uma vez que ambos usam o princípio da analogia para exemplificar esteticamente o enredo por meio da sedução. Seria aqui as mangas roubadas do quintal da casa do senhor Cabral ou a bola que quebrava a vidraça de dona Mirinha a poção rítmica certa para enfeitiçar o leitor até o final do mistério da narrativa? Ou a criação do gnomo e o corte na orelha de Vavá, entremeado belissima e embevecidamente de poder, força e energia latente a fim de seduzir e sensibilizar aqueles que não viveram aquela “época dourada”, onde a simplicidade aplaca-nos e nos faz aderir àquele universo? Somente quem consegue a verdadeira varinha de condão descobre por que Bebeto permanecera perpétuo Lobinho.
Assim, ressuscita um anelo, algo revestido de ritmo, provocado por uma expectativa em ser escoteiro e de resgatá-lo como essência. Caberá agora ao leitor em decidir se pratica a conversão ao escoteiro das letras (lendo a obra) ou eternizar em seus corações o Lobinho.

Jander Araújo - Blog: http://lectandome.blogspot.com/

domingo, 2 de maio de 2010

Lançamento do livro “O Escoteiro e o Lobinho”


No dia 01 de maio do corrente, aconteceu no Auditório do C.E. Frei Tomás, a apresentação do meu livro “O Escoteiro e o Lobinho”. Foi uma noite muito animada e emocionante, eu contei a história do livro para uma platéia mirim muito atenta e participativa, ressaltou-se a presença do Vice-Prefeito Roberinho e do Secretário de Cultura Henrique Resende.
Logo após, fiz uma linda homenagem ao meu pai, Edvar da Rocha Leite, o escoteirinho da história, quando parentes e amigos ficaram extremamente emocionados. Edir Duarte comentou: “Este livro saiu da gaveta e trouxe a tona uma história que é muito mais do que um livro, é o símbolo maior de consagração de uma pequena escritora na forma de uma grande filha!”
Finalmente as crianças fizeram fila e eu autografei os livros. Cada criança recebeu gratuitamente o livro e um amarradinho de lápis de cor. Ainda contaram com uma mesa de guloseimas para que pudessem saborear.