segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ANO NOVO


          Ano Novo é nada mais que o dia seguinte, afirmam os mais céticos.  Fisicamente falando são apenas 24 horas que nos separam do ano seguinte, mas podemos em nossas mentes utilizar essas horas para rever nossas atitudes, colocando na balança o que deu certo e aquilo que não aconteceu como planejado. Eu prefiro crer que podemos estabelecer metas para o ano que se inicia.
          No meu caso, andei pensando e vejo que não posso reclamar muito de 2010: trabalhei bastante, fui incompreendida, mas faz parte do processo; terminei um relacionamento, iniciei outro que também não durou, mas aprendi bastante com eles; fiz novas amizades, mas investi também nas antigas;  viajei não tanto quanto desejava, mas aproveitei cada minuto longe de casa; comprei coisas fúteis para mim necessárias, mas dediquei pequena parte aos mais necessitados; ou seja, acertei algumas vezes, errei outras tantas, mas o que importa é que foi um ano bem vivido, afinal realizei o meu grande sonho, publiquei o meu primeiro livro.
          Para 2011 já tenho  minhas metas:

1- Passar a virada viajando, não deixar de pular as sete ondas  bebendo champanhe e, principalmente juntinho das pessoas que amo;
2- Curtir as férias de janeiro sem preocupações, aproveitando para terminar meu terceiro livro;
3- Voltar ao trabalho com ânimo, mas não nadar contra a corrente, é muito cansativo; 
4- Lançar meu segundo livro, quem sabe o terceiro também;
5- Arranjar um namorado bonitinho, um tantinho inteligente e que principalmente goste mesmo de mim;
6- Ser mais paciente e ter muita calma;
7- Ouvir mais que falar;
8- Estar sempre pronta para ajudar, mas somente àqueles que me pedirem, não quero correr o risco de ser inoportuna;
9- Brigar menos, mesmo que por motivos justos, afinal não vale a pena dar murro em ponta de faca;
10- Sorrir o tempo todo, o mais que eu puder e, se acaso eu chorar que seja por uma causa nobre, que enxugue as lágrimas e não demore  a sorrir novamente.

          Desejo que cada um de vocês, estabeleça seus objetivos para o ano que está chegando. Acreditem que com força de vontade podemos recomeçar, acertando as arestas e melhorando nossas vidas e as daqueles que nos rodeiam. Uma certeza eu carrego: melhor sorrir que chorar.
          Como dizem os taxistas chilenos: "Suerte!"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NATAL

         
          Novamente estamos há poucos dias do Natal, época em que as famílias dedicam grande parte do seu tempo nos preparativos das ceias e compras de presentes. Ontem no local onde professo minha fé, discutíamos o real significado desta data, todos sabíamos que era o dia utilizado pelos cristãos para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, mas quantos de nós colocamos em prática o motivo real da comemoração? Apesar de todo ano, nesta época, doarmos sempre uma cesta básica, comprarmos um vinho para o carteiro, presentearmos a empregada doméstica, na verdade ainda assim achei que fazíamos muito pouco.


          Este ano aqui em casa decidimos por um Natal diferente: eu e minha irmã, chamamos nossa mãe e demais entes queridos e avisamos que os costumeiros presentes não seriam distribuídos. Todos os anos, no final de novembro, começávamos as compras, levávamos muitos dias e horas para completar a lista, preocupadas em agradar, optávamos pelas lojas mais caras e gastávamos uma acentuada soma de dinheiro, o que ocorre é que mesmo assim nem sempre agradávamos, afinal presenteamos pessoas a quem não falta nada: todos têm as melhores roupas, sapatos, perfumes, brinquedos... Daí a grande ideia para este Natal: vamos comprar presentes exatamente para aqueles que mais necessitam.


          Que maravilha a sensação de sair à rua para comprar roupas, sapatos e brinquedos para idosos e crianças carentes, muitos deles moradores de asilos e abrigos. Nossos corações experimentaram uma alegria, jamais sentida nas compras dos Natais anteriores. Uma paz interior, uma calma, um acalento, uma doce energia, que nos fez optar por levar alguns desses presentinhos, pessoalmente no próximo dia 24.


          Acredito que neste Natal, eu e minha irmã vivenciaremos o seu maior significado: o amor a nós mesmas, através da oportunidade que estamos tendo, de ser útil de alguma maneira ao nosso irmão.

          Desejo, caros amigos, uma mesa farta, junto de seus entes queridos, alguns presentes e principalmente a certeza de ter contribuído com a alegria de alguém.

          Façamos este ano um Natal diferente em nossos lares: o Natal da Solidariedade!

sábado, 4 de dezembro de 2010

ANIVERSÁRIO

         
          Noite de sábado, cabelos penteados, unhas pintadas num tom angelical, pele bronzeada e não ter onde ir. Morar na aldeia é assim: a perfeição desperdiçada.
          Hoje no clube quase vazio, pensei claramente no porquê de nunca ter ido embora daqui. Acabei não achando resposta, apenas não aconteceu. O grande equívoco é que não me encaixo no local, jamais acertei os passos nessas ruas.
          A cidade é bonita: rio passando, pássaros cantando, Sol o ano inteiro, nas poucas vezes que  a chuva cai,  sempre surge o cheiro de terra molhada que lembra passado, uma montanha belíssima, no formato de um elefante que chamam de serra, mantém-se a espreita, como se fosse um protetor mitológico.  
          Na próxima semana completarei mais um ano de vida nesta terra. Não gosto do calor que faz aqui, uma brisa quente sopra nas noites de verão, sufocando minha alma. A melodia da música, substituída pelos auto-falantes triunfantes, que pulsam nos bagageiros dos veículos, gritando a nova onda do funk. Este clima  gera nos habitantes da aldeia, uma escassez de ideias que, confesso afetam minha calma.
          Presa neste ambiente nada acolhedor durantes anos, catalisando experiências desagradáveis, ofuscando pensamentos, maqueando opiniões, entregue a mais profunda solidão, contando apenas comigo mesma,  para manter a sanidade, como única opção, passei a atuar em monólogos.
          Num momento decisivo, aceitei minha permanência aqui, mesmo ansiando partir. Assim, passei a expressar opiniões, iniciar discussões, mostrando-me como sou, sem constrangimentos, os monólogos transformaram-se em diálogos. Agora, não me importa ser aceita ou não na aldeia, não anseio a chave da cidade, apenas vivo aqui com sucessos e fracassos, próprios de uma vida normal.
          Este ano não haverá comemoração de aniversário e, não é por estar nesta cidade. Apenas não estou com vontade de festa, decidi ir na véspera para uma cidade fria e amanhecer lá. Se gostar, farei a mesma coisa nos anos que vierem. Não gosto mesmo daqui, o calor me aborrece, apenas isso.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MULTA DE TRÂNSITO

         
                              
         Há cerca de um mês, ao pegar o meu carro onde sempre estacionava, encontrei fixado no para-brisa um bilhete que pedia para que eu não o colocasse mais naquele local, pois o mesmo atrapalhava a loja estabelecida ali. O bilhete não trazia um tom muito cordial, fiquei um pouco chateada e é claro parei de estacionar meu carro conforme solicitado.
          Passei a estacioná-lo em outro local, ficando um pouquinho mais distante do meu trabalho, nada que me atrapalhe, a não ser em dias de chuva, pois tenho que correr para não ficar muito molhada, o outro espaço era frontal ao meu emprego, precisava apenas dar alguns passos, mas a chuva não me incomoda, ao contrário, adoro dias nublados e chuvosos.
          Hoje depois de uma manhã daquelas no trabalho, onde toda a minha paciência foi testada, ao entrar no meu carro, vi novamente outro bilhete fixado no vidro. O carro estava muito quente, tinha acabado de ligar o ar-condicionado e, já estava saindo quando vi o papelzinho. Desci indignada, nem mesmo desliguei o carro, peguei o papel, coloquei no banco do carona e segui para casa, pensando "Vou ler depois, afinal me aborreço mais tarde!".
          Ao entrar no elevador, já mais calma, resolvi olhar o bilhete. Grande foi a minha surpresa com o que estava escrito:



"Multa - Veículo Multado - Placa LQT _ _ _ _
Motivo: Abondono à velha amiga mais gata do planeta
Valor: Nada que o dinheiro possa pagar
Órgão: Polícia da Amizade"

          Feliz daquele que pode contar com amigos nessa vida de tantas provas. 
                                 Amigo não é apenas o que chora com você e te conforta, mas principalmente aquele com quem você anseia dividir suas alegrias.
          Agradeço minha amiga por esta multa e, espero que seja multada inúmeras outras vezes. Assim ficarei cada vez mais orgulhosa da nossa grande amizade.

sábado, 27 de novembro de 2010

O SAPO QUASE VIROU PRÍNCIPE - Um Conto Moderno

          Lembro-me das histórias contadas para mim quando era menina: Cinderela, Branca de Neve, Rapunzel, entre outras. A garota era sempre salva por um príncipe, que  uma bruxa transformara em sapo e que a princesa havia beijado para torná-lo príncipe novamente. Acho que era mais ou menos assim.
          Primeiramente faz-se necessário esclarecer que os homens nascem girinos e nós babamos por eles desde as primeiras horas, quer dizer quando são apenas inofensivos bebezinhos. Por culpa de suas mães crescem protegidos de tudo e de todos, como se fossem verdadeiros bibelôs. Com o passar dos anos, o esteriótipo de "Príncipe Encantado" está formado e os pobres coitados acreditam que são melhores, mais inteligentes e superiores, o que os coloca numa posição de destaque no mundo de conto de fadas para o qual foram criados.
          Logo estão tão confiantes em si mesmos que começam a enganar as gatas burralheiras ou até mesmo as  princesas distraídas que foram estimuladas a crer que a felicidade só existe para elas ao encontrar o seu príncipe encantado. Essas ideias estão presentes em livros, filmes, séries e até em animações. Voltando a questão, a verdade nua e crua é que em pleno século XXI, os príncipes na verdade nunca deixam de ser sapos e, muitas mulheres acreditam ainda poder fazê-lo, com o beijo encantado dado pela princesa da história.
          Dulce Maria, nascida numa família estruturada, cresceu normalmente, inteligente e bonita, fez faculdade, tem um emprego razoável, uma personalidade forte, ética nas suas atitudes, acredita num amor real, baseado na admiração e respeito entre as partes, ou seja, o esteriótipo da mulher moderna-sensível.

          Encontrou um sapo com nível universitário, bonito, usando máscara de bom moço e, apesar dos indícios de sua pouca inteligência, Dulce Maria resolveu dar uma chance ao mesmo, pretendendo transformá-lo em príncipe.
          Logo no início ouviu o rapaz queixar-se de todo o tipo de maldade e injustiça feitas contra ele, falando o quanto havia sofrido, ela penalizada mostrou-se a seu lado. Depois foram as histórias do quanto ele destemidamente se colocou em situações difíceis para ajudar outras pessoas, ela mais uma vez, achou que o sapo era realmente uma boa pessoa, um herói apenas sem a capa e os equipamentos complementares.
          Nas conversas o assunto era sempre sobre futebol, o quanto ele precisava dar uma guinada no emprego, os problemas de sua família, o quanto a cidade onde nascera fora cruel com ele, ou seja, as questões orbitavam sempre sobre o sapo. Ela tentava falar sobre outras coisas: viagens, cinema, política, carros, livros, filosofias pessoais, entre outros assuntos, mas a verdade era que o pobre sapo não podia deixar de ser o centro das atenções.
          O que aconteceu foi que Dulce Maria  estava ficando cansada com aquela conversa chata e repetitiva, mas acreditava que o sapo seria transformado em seu príncipe, há muito esperado. O que ela com toda a sua inteligência sabia, mas não queria aceitar,  é que sapos não se transformam em outra coisa, muito menos nos príncipes montados em cavalos brancos, nobres e lindos.

          Não demorou muito para o sapo mostrar a sua essência de sapo: um bicho feio, comedor de moscas, repugnante, sempre a espreita para cuspir seu veneno em alguma criatura desavisada. Dulce Maria sentiu-se humilhada em sua inteligência por permitir a aproximação de tal criatura, sensível, tentou culpar-se por ser tão crédula e  ficou triste por algumas semanas.
          Ela  aprendeu uma lição importante: sapos não se transformam em príncipes. Não pensem que o final deste conto não é feliz. Dulce Maria agora está preparada para enfrentar os sapos, até encontrar aquele que sabendo-se sapo, seja um sapinho inteligente o suficiente para reconhecer a preciosa obra de arte que é Dulce Maria.

        

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

MEU LIVRO A VENDA


Caros Amigos,

Muitos de vocês sabem que em maio deste ano, lancei meu primeiro livro "O Escoteiro e o Lobinho", tudo com recursos próprios.

No dia do lançamento, distribuí gratuitamente os livros, agora recorro ao Clube de Autores e AgBook para editá-lo e colocá-lo a venda em todo país.

Se quiserem adquiri-lo entrem nesses links: http://www.clubedeautores.com.br/book/34001--O__ESCOTEIRO_E_O_LOBINHO e http://www.agbook.com.br/book/34097--O__ESCOTEIRO_E_O_LOBINHO

Conto com vocês para divulgar isso junto aos seus amigos.

Aproveitem o Natal e presenteiem uma criança com um livro!

Agradeço a todos.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

SOBRE NÓS MESMOS

          Hoje amanheci pensando em reagir, mas o que faria de bom a mim mesma se o fizesse? Na vida nos deparamos com pessoas de todos os tipos, algumas são capazes de nos fazer sorrir com gestos simples e doces, outras nos desequilibram as energias, tirando-nos do sério.
          Fácil conviver com gestos delicados e respeitosos, mas na maioria das vezes não é assim. Estou aprendendo a agir ao invés de reagir. Impossível não entrar em contato com pessoas difíceis, porém não posso permitir que tornem minha vida mais complicada que já é.
          Aprendi hoje que só posso ter paciência, não julgar, ajudá-las quando me requisitarem, mas não posso obrigar-lhes a enxergar os próprios erros e o quanto isso vem afetando negativamente suas vidas. Todos nós podemos aprender mais e mais a cada dia, mas somente se estivermos dispostos a fazê-lo. Temos uma capacidade infinita de nos elevarmos, superarmos nossas dores, fazer delas uma lição para nos melhorarmos como pessoa.
         Algumas pessoas não agem assim, ao contrário, usam  outras pessoas como válvula de escape para seus fracassos e às vezes as usam para vingar-se. Estranhamente não percebem que quem fez-lhes o mal, não está ali e, acabam afastando exatamente quem apenas queria-lhes o bem.
          Precisamos encarar nossas mágoas e os traumas deixados por elas. Olhá-las de frente, chorar um pouco mais, depois esquecê-las e começar de novo. Temos a obrigação de nos permitir uma nova chance e para isso basta modificar a nossa forma de agir.
          Precisamos parar de reagir e passar a agir. Uma coisa aprendi: não deixemos que coisas ruins nos marquem para sempre. Precisamos olhar nossa face no espelho sem medo. Nós devemos isso a nós mesmos. Recomecemos!
        

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

EMBRIAGUEZ

Um texto escrito por Rose, Jô e Jane:
É muito mais que qualquer coisa
Sou eu me cobrando por um término
Que não foi minha culpa,
Uma culpa que já não é minha!
Só um abraço,
Estar dentro de alguém,
Dentro  do  peito de  alguém...
Gente,  uma de nós dormiu no tapete!
Eu sinto mais frio  do que calor.
Ouço Marilion,
Sinto falta  do passado,
Eu estou muito bêbada!
Eu acordo durante a noite
Para escrever,
No meu trabalho, faço o que gosto
É uma realização,
Me traz paz e angústia,
Porque amo o que sou
Amo o que sinto,
Eu apenas sinto...
Eu continuo bêbada,
E minha amiga bêbada escreve para mim,
Enquanto a outra amiga ri ,
Esta poesia é a síntese da  bebedeira,
Talvez o pior texto que escrevi e ditei,
Mas é a pura expressão da alma...
Nós sentimos demais,
Sinto pena daqueles que não sentem,
É apenas o vinho numa noite entre amigas...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CONVERSA ENTRE AMIGAS


Este texto surgiu de uma conversa com minha querida amiga Jô, no MSN. Na verdade um texto escrito a duas mãos:

É uma tristeza
doendo no peito,
nunca senti isso.
É uma tristeza estranha,
diferente.

Não é raiva?
É ruim, mas é bom!
 
É estranho pra mim!
Sempre tive raiva,
desta vez não,
estou com vontade de saber dele,
como ele está.

Acho que não é paixão,
é um gostar muito, muito grande!

O que faço agora sem ele?

Gostar muito grande é assim,
a gente quer saber se o outro está bem,
se estiver,
está bom pra gente.
Esquisito, não é?

A razão sabe,
mas o coração...
Um dia gostaria de saber
o que realmente aconteceu...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

VIDA

         
          A vida tem nuances que a faz tão sublime, o que ocorre é que na maioria das vezes não conseguimos perceber as coisas simples que nos fazem especiais. O histórico de vida de cada um de nós é único, a infância com avós amorosos ou distantes, pais ausentes ou presentes, brigas com irmãos e primos, o que comíamos no intervalo do recreio, como éramos na escola. No meu caso era gorda como um barrilzinho e sempre convencia a minha irmã a ceder-me as sobras do seu dinheiro para que pudesse comprar mais um bolinho de ovo.
          Crescemos e a personalidade vai tomando forma. O primeiro amor da adolescência, a irritação com os pais, a identificação com amigos e alguns deles ficam pela vida, achamos que vamos mudar o mundo. Na faculdade alguns de nós se dedicam aos estudos, outros às festas, muitos conseguem equilibrar a balança e, alguns continuam levantando bandeiras, eu fui um deles, extremamente ativista, achava mesmo que faria do mundo um lugar melhor, acho que contribuí um pouquinho.
          Na vida adulta, muitas vezes decepções e vamos endurecendo. Deixamos de brincar e fazer piadas, optamos pela competição insana no trabalho, assumimos a postura de que o amor tem que ser aliado à conveniência, passamos a não olhar nos olhos das pessoas e não acreditamos mais em nós mesmos. No meu caso, ainda curto brincar com os amigos, parei com a competição há pouco tempo, nunca deixei de olhar nos olhos, acredito em amor verdadeiro e passei a acreditar um pouco mais em mim.
          A vida deve ser vista como uma grande oportunidade de sermos nós mesmos, mas com o cuidado de não atropelarmos os outros. Pequenos gestos incompreendidos podem gerar dor tamanha na alma, então precisamos ter muita atenção com o sentimento alheio.
          Nos dias de chuva, usamos sombrinha, nós de Sol protetor solar, no frio nos aquecemos com café ou vinho, dependendo da hora do dia e, no verão saboreamos sorvete ou cerveja bem gelada, na piscina ou na praia, tanto faz, apenas escolhemos viver. Choramos algumas vezes, a dor chega a todos, mas rimos outras tantas, pena que a alegria só é percebida por poucos. Tive meus olhos rasos d'água, mas também estive plena de felicidade.
          Uma certeza não devemos esquecer, um dia quando sentirmos nossa vida se esvaindo, não importará o que temos, apenas quem teremos ao nosso lado nos últimos preciosos instantes. Eu preciso acreditar de quando a morte a mim chegar, deixarei naqueles que cruzaram meu caminho, nenhuma tristeza por minha partida, apenas uma saudade gostosa. Se assim conseguir partir, não terei vivido em vão. 
            
         
         

domingo, 14 de novembro de 2010

TARDE CHUVOSA

         
                   Nesta tarde de domingo, onde chove e faz quase frio, sinto o perfume mais antigo, usei as últimas gotas do belo frasco, engraçado como o olfato nos leva a outro tempo. Cada parte de mim está disposta a recomeçar, mas  às vezes dou um passo atrás, mesmo sabendo que a mim é necessário continuar.
          A chuva e o frio sempre me agradaram, na verdade tenho a sensação de nostalgia em dias assim. Quando posso recorro a cafeteria e tomo capuccino. Adoro estar embaixo do edredom, com pouca roupa, assistindo um filme qualquer, só deixando o tempo passar. Um aperto no peito e no estômago me acompanham nesta tarde, deve ser o passado que estou evitando deixar partir. Por que temos esse ímpeto de reter o tempo? Talvez tenha uma alma antiga, sentimentos profundos e inquietações próprias de quem encara seus medos.
          Acho que sinceridade demais consigo mesmo é quase torturar-se. Estou me permitindo erros outrora imperdoáveis, como arriscar-me mesmo com tantas pistas indicando fracasso. Resolvi apenas não desperdiçar meu tempo, a vida é por demais preciosa para desistir antes da luta. Então, entrego-me ao caminho desconhecido, temendo o despenhadeiro a minha frente, mas este não me impede de caminhar.
          O futuro ainda é tão distante para mim, não consigo pressenti-lo. Continuo a escrever, agora a noite já caiu, a chuva parou e deixo este texto inacabado, olhando na televisão a Torre Eiffel e pensando no dia, quem sabe, em que estarei lá subindo aquelas escadas, ou se a idade não mais me permitir usando o bondinho. A vista é a mesma.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

OTIMISMO


Palavras descabidas ditas por quem estimo,
Juras descumpridas pelo meu amor,
Exigências sem bom senso,
Acusações infundadas,
Injustiças que afligem minha calma...
Nada disso pode lançar-me ao desânimo!
E por que não sucumbo?
Porque se errei, estava tentando acertar,
E isto a mim basta para não desanimar.
A paz vem de dentro pra fora,
E minha consciência repousa tranquila.
Tão longe estou da perfeição,
Mas de uma coisa não abro mão:
Sofrer por amor
Mesmo que venha a solidão,
Porque vale o risco
E assim me perdoo então...


domingo, 7 de novembro de 2010

SOLIDÃO


Estou sozinha comigo mesma
Aprendendo a amar as coisas simples em mim
O jeito como me recuso a odiar
A forma como me identifico com a dor alheia
A gentileza dos meus atos mesmo quando tratada com grossura
E o otimismo de nunca parar de acreditar
Que o bem é sempre maior...
Estou sozinha comigo mesma
Apreciando a chuva que cai na forma de tempestade
O Sol que aparece depois da tormenta
Vendo o sorriso dos amigos
Falando futilidades para esconder minha dor...
Estou sozinha comigo mesma
Ouvindo as canções que gosto nesta tarde de domingo
Sentindo um aperto no coração
Pelo amor que não aconteceu...
Estou sozinha comigo mesma
E de repente meus olhos se inundam d'água
Relembrando meu pai
Que quando menina estava doente
Colocava Trini Lopez na velha vitrola
E dançava com minha mãe
Era incrível como minha febre passava...
Estou sozinha comigo mesma
Apenas chorando
Dando mais passos para apenas recomeçar...

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ERRO


Errar é algo tão fácil de acontecer
Pior mesmo é não saber se erramos de fato
Que paradoxo errar e acertar!
Tudo depende do olhar
E este pode ser impiedoso,
Mas não merecemos outra chance
Se erramos achando que estávamos acertando?
Nem o tempo pode solucionar tal questão
A resposta decisiva é o perdão
Mesmo que não nos achemos errados
Ah, me perdoe então,
Porque não posso viver nessa aflição!


quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ESPERA


Há muito tempo espero você
Espero o olhar dos seus olhos
O suave toque de suas mãos
A sua fala dizendo o quanto me adora.

Há muito tempo espero você
Espero você perceber
Que sou a pessoa certa
Que o mundo fica mais  bonito
Quando estamos juntos.

Há muito tempo espero
Que você perceba que as manhãs de Sol
Podem ser mais bonitas
Se estivermos acordando juntos
Depois de cada toque
De cada segredo descortinado
De cada instante de prazer.

Há muito tempo espero
Ter você em minha vida
Com todo turbilhão de sentimentos
Com todo perigo que a entrega produz
Com as incertezas que às vezes nos perturbam.

Agora estaremos juntos,
Nos permitindo,
O desejo mais íntimo,
A confidência mais secreta,
Sem barreiras,
Sem temores,
Apenas abertos a esse encontro
Há tanto adiado
Há muito tempo esperado...




sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DIA DO PROFESSOR


          Hoje, comemora-se o Dia do Professor, estamos em casa, curtindo o feriado, depois de jantares de confraternização regados com conversas descontraídas. Somos remanescentes de uma profissão considerada pela sociedade como de quinta categoria, ocupada por profissionais de quinta e pessoas de quinta. Vejo os colegas outrora apaixonados, hoje nas aulas vagas debruçados nas suas "Apostilas de Concursos", buscando salários que permitam uma melhor condição de vida para si e suas famílias.
          Ontem pela primeira vez, senti vontade de segui-los. Não apenas pela remuneração, mas principalmente porque não sou uma pessoa de quinta! Não aceito que alguém que começou na mais nobre tarefa de ensinar "a ler e a escrever", paralelamente fez faculdade federal, migrou para o ensino médio, depois fez especialização paga com recursos próprios também em instituição federal, ministrou aulas em faculdade, pagou também curso de inglês, lê sistematicamente, prepara aulas durante horas utilizando as novas tecnologias, tem sempre projetos próprios trabalhados em suas turmas de atuação, seja uma profissional ruim.
          Ora, não me considero uma profissional de quinta, não aceito ser tratada dessa forma, não retifico para a sociedade que minha profissão seja menor, muito menos respeito os tecnocratas que assumem as Secretarias de Educação, e determinam sem conhecimento de causa que nós professores estamos ganhando muito bem pelo número de horas trabalhadas. Somente quem não tem a menor ideia da profissão seria capaz de tão descabida afirmação.
          Não somos valorizados, na verdade somos rebaixados. Pior que tudo isso acaba com a nossa auto-estima, nossos chefes também professores estão desanimados, nossos colegas já olham com descaso quando mostramos que ainda preparamos aulas em slides, promovemos projetos, ainda somos apaixonados pelo que fazemos. Todos estamos vencidos!
          A mim só sobrou fazer como os colegas que preferem largar a profissão do que simplesmente se deixar corromper. Na vida o que nos move é a paixão, e até ontem fui apaixonada pela minha profissão, agora afirmo que tentarei encontrar outro caminho, onde eu possa colocar toda essa energia criativa que faz parte de mim.
          Um grande abraço a todos os colegas de profissão. Lutadores de outrora, talvez sentindo-se vencidos agora, mas que para sempre, mesmo longe da profissão, eternos mestres. Aquele que um dia contribuiu para que  uma criança frágil e indefesa, depois de quase um ano de trabalho,  escrevesse  letras tão arredondadas, com tanto capricho, jamais deixará de ser professor. Depois ouvir o texto proferido naquela melódica fala infantil, a primeira vez, a gente nunca esquece, por isso somos mestres, porque não há tecnocrata no mundo que possa nos tirar isso.
          Parabéns professores! A nós mais que qualquer elogio ou reconhecimento externo, cabe hoje nossas lembranças.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CIVILIDADE


          Estranho falar sobre civilidade em pleno século XXI, mas percebo que cada vez menos se dá valor a isso atualmente. Estava conversando sobre essa questão, e percebi que algumas pessoas também se aborrecem com a falta de educação encontrada nas relações cotidianas.
          O despertador do celular toca, levantamos de nossas camas já atribulados com a quantidade de coisas que temos que fazer durante o dia, quando dá tempo após nos arrumarmos, tomamos um café rápido, descemos pelo elevador e assumimos o volante do carro sempre apressados.  Ao sair da garagem, nos deparamos com os carros e pedestres que não dão uma folga sequer para que possamos adentrar na pista e seguir para o trabalho. Estressante realmente, então, para descontrair a impaciência com o próximo, ligo o som do carro e começo a cantar como se estivesse indo dançar a noite inteira. Alguns podem até me chamar de "a louca desvairada que liga o som e sai cantando em seu carro", mas o que ocorre é que apesar de toda correria, chego no trabalho sorrindo e dando "Bom dia!".
          A resposta para o cumprimento é rara, na maioria das vezes, o que recebo é a indiferença ou aquele olhar raivoso de quem já acordou de mal com a vida. Ora, a vida anda mesmo complicada para todo mundo, mas não responder um "Bom dia!" pela manhã é para mim grosseria pura. Minha irmã reclamando da mesma coisa me confidenciou: "Às vezes tenho vontade de desejar um péssimo dia, só para ver se não teria resposta". Respondi que a resposta seria imediata, com certeza, palavras rudes seriam proferidas e alguns partiriam até para agressão física, uma válvula de escape para nossos fracassos diários. Triste realidade, onde apenas o que é negativo chama a atenção das pessoas.
          Também tem a forma como tratamos os garçons, em geral nem os notamos, e quando algo não sai a nosso gosto, chamamos o gerente, sem pensar que podemos estar colocando em risco o emprego daquela pessoa. Eu fico surpresa com a reação dos garçons quando os chamo de forma delicada e, ao tornar-me frequentadora assídua do estabelecimento, os outros fregueses se espantam quando me dirijo a eles, dessa forma: "querido, será que é possível você me trazer um pouco mais de molho?". Não entendo por que estranham tanto, apenas estou sendo gentil com pessoas com as quais convivo regularmente.
          Nas calçadas, com o fluxo grande, é quase impossível não esbarrarmos uns nos outros, o que ocorre, nem um pedido de desculpas, o mínimo que fazemos é uma cara bem feia, quando não esbravejamos, grosserias trocadas e pronto, estamos satisfeitos. Dia desses, um homem ficou assustado quando pedi "Desculpas" por conta de um esbarrão desses, me olhou e acabou sorrindo.
          Confesso que não faço parte da nobreza inglesa, mas procuro ser educada sempre, seja com desconhecidos ou mesmo com aquelas pessoas com as quais não simpatizamos. Se somos forçados a conviver, então, que seja de forma civilizada.
          Estamos cansados, frustrados, estressados: corremos tanto, nos aborrecemos em casa, discutimos no trabalho, o trânsito é caótico, o chefe não nos motiva, mas nada disso deveria fazer com que nos tornemos mal-educados e grosseiros. No dicionário, civilidade é observação das conveniências, das boas maneiras em sociedade, cortesia, urbanidade, polidez. Por que ao longo desse século esquecemos seu significado e simplesmente excluímos a civilidade do nosso dia a dia?
          O que mais me causa estranhez é que não importa a idade, o sexo, a religião que professam, o grau de instrução, apenas a sociedade aboliu os bons modos de outrora. Costumo dizer que não preciso ser simpática, mas que educação é primordial. Podem dizer "que mulherzinha metida!", isso não me ofende em nada, porque jamais poderão afirmar que não sou educada.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

DESABAFO DE UMA JECA

     
      Hoje acordei com minha irmã me chamando para assistir algo parecido com o antigo “Som Brasil”, mas apresentado por Geraldo Boldrin. Fui convocada a relembrar as manhãs de domingo de tempos passados, quando meu avô nos mostrava o som do nosso país: Noel Rosa, Lamartine Babo, Dolores Duran, Almir Sater etc.
      Relembrando nosso avô, ela me perguntou “O que vovô diria se visse Itaocara hoje?”. Não precisei pensar muito, tinha a resposta na ponta da língua, disse-lhe “Ele nos perguntaria: Para onde foi a beleza?”.
      Começamos a indagar porque a raiva enlouquecida contra o verde. A grama das praças foi gradativamente ao longo dos anos trocada pelo concreto. A maioria das árvores foi arrancada, já não acordamos ao som dos passarinhos.
      Os monumentos desmoronam, lembramos o “Moisés”, interditado, a ponto de cair, como outrora lá brincávamos, foi lá que descobri que tenho medo de altura aos oito anos de idade. A piscina pública da primeira metade do século XX, afogou-se em toneladas de terra e concreto, dando lugar a um palco com cores vibrantes. As cores da cidade são fortes, quase uma violência contra o bom gosto. Ao invés de darem uma sensação de relaxamento como antes, agora expressam inquietude.
      Já perdemos tanto, nas fotos do casamento de nossos pais, havia um lindo coreto, que fora substituído e sequer chegamos a conhecê-lo. Não tenho filhos, mas se os tivesse, não poderia levá-los para conhecer a “Diana Caçadora”, o aquário com o peixe elétrico, o palco subterrâneo que pulávamos de prismas a cilindros coloridos até chegar à parte mais baixa, a estátua do “Frei Tomás” a quem pedíamos bênção, o museu que ficava onde hoje é a Secretaria de Educação, sobrou apenas a fonte do lado de fora e, destruíram a fonte do menininho fazendo xixi em frente ao hospital, foi assim que vi o primeiro homem nu.
      Por que tanta destruição? Onde anda nossa memória? Maria Rita será esquecida, e depois também o Toninho quando partir? Tudo isso em nome de um falso progresso, de uma arte nada moderna, de uma forma tão equivocada de ver a vida. Será que somente a gente tem saudade. Meu avô se foi há muito tempo, meu pai também, um dia serei eu a partir, e quem será Itaocara? Uma cidade sem memória, sem história, perdida para sempre.
      Uma nova cidade de concreto e pedra, moderna, cinza de progresso, quente, não pela emoção, mas pelas altas temperaturas, afinal são poucas árvores e nenhuma grama. E tudo novo, os monumentos, os prédios, as ruas, esquinas e calçadas. Talvez até o rio esteja em outro lugar, transportado por alguma nova tecnologia.
      Desaparecerá por completo o chão que um dia pisei e a beleza que retive. Apenas restarão algumas fotos e imagens na lembrança daqueles que apreciam o que é realmente imperceptível ao olhar da maioria apressada na busca pelo poder.



sábado, 2 de outubro de 2010

HOJE

         
          Não sei por que hoje tenho vontade de chorar. Talvez sejam as doze horas seguidas que trabalhei na última quinta, sabendo que foram todas em vão. Não escolhi minha profissão, não tive esse direito, mas me apaixonei pela arte de ensinar. Lido com sonhos, mas comecei a ficar descrente que meus alunos possam realizá-los, talvez por isso esteja tão triste.
          Hoje senti falta do meu pai, que não era nada responsável, nem mesmo convencional, mas era tão carinhoso, me acordava com o pão quentinho trazido da padaria, que encostava no meu rosto e, quando mesmo assim não acordava, batia no meu bumbum dizendo "Acorda menina, não deixe sua vida passar enquanto você dorme!'. Talvez por isso tenho os olhos rasos d'água, apenas saudade.
          Amanhã o meu país estará realizando as eleições, um dia imaginei poder mudar as coisas, estive no Diretório Acadêmico na minha época de faculdade, fui o cabeça da primeira vez que um curso de interiorização foi até a reitoria da UFF, reivindicar, com rosas nas mãos, cantando Geraldo Vandré. Quanta energia desperdiçada, meu país não mudou e amanhã não tenho em quem votar. Talvez esteja triste pelo meu país, porque essa semana depois de tantos debates, senti vontade de simplesmente abandoná-lo.
          Também refleti sobre meus amigos, acho que tenho pouca afinidade com a maioria deles. Nem sei se são meus amigos mesmo. Relembrei as tantas vezes que me senti lesada nessas relações chamadas de "amizade", talvez seja esse o motivo da minha tristeza.
          Tem também os amores que não deram certo. Algumas tentativas, tantos fracassos. Às vezes, como hoje, me pego pensando em como seria se tivesse dado certo. Sei que alguns me amaram e também amei algumas vezes, apenas não aconteceu. Isso me aborrece, porque acredito que a chance de ter sido incrível era bem grande. Estranho como ter tanto para viver e não encontrar o momento perfeito, talvez isso também me faça triste hoje.
          Não sei de onde vem essa sensação ruim. Talvez seja dessa vida tão cheia de incertezas. Acho que sou diferente, brinco que "tenho alma de artista", pode ser esse o motivo dessa tristeza que invade minha alma, fragela meu corpo e deságua em meus pequenos olhos negros, que choram um choro sufocado.