Chego a uma nova cidade, olho ao meu redor tudo tão diferente, sinto-me tão solta e também receosa. Acaricio o frio gélido que sopra das cordilheiras, deslumbro esse momento. As palavras ditas numa outra língua fazem pra mim tão mais sentido. Mergulho na poesia inebriante do poeta: seu barco, sem ondas nem vento. Sinto-me parte dessa vida, poderia tê-la vivido.
A noite chega e com ela a temperatura despenca. O frio aquece meu coração que pulsa num ritmo acelerado, como a vida esfumaçada lá fora. Penso: estou realmente aqui? Verdade. Obra e realidade se confundem num pulsar sereno agora.
Amanhece, vejo o dia raiar nas montanhas. Agora a cada curva uma nova imagem. A neve cada vez mais próxima e de repente vejo cair os primeiros flocos como açúcar. Tento segurá-los como outras vezes tentei reter o instante. Descubro novamente a mesma impossibilidade. Cedo então ao fracasso, mas desta vez é diferente, não fracassei, reti a emoção da primeira vez. O medo do desconhecido, a coragem para penetrá-lo.
O ar rarefeito faz meus pulmões trabalharem mais e estou ofegante, como da primeira vez. Meu corpo treme e me entrego ao momento fulgaz de prazer. Sou feliz nesse instante.
Depois o sol surge e o oceano derrama nas pedras seus segredos mais escondidos. Assim estou ali. Agora tentando absorver tudo. Deslumbro-me com o som que vem das pedras e sinto que acertei. Minha vida está ali em algum ponto entre as cordilheiras e o pacífico. Tudo se confunde em mim.
Eu consegui te ver e te visualizar no Chile. Magnífica vontade veio em meus pensamentos em acompanhar o teus passos e rastros neste novo horizonte gélido.
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