quarta-feira, 19 de novembro de 2014

MINHA AMIZADE COM ANNE


Aos doze anos, eu era uma menina magra e esguia, carregava uma altura bem maior que a das minhas colegas, por isso, teimava em escondê-la, curvando meu corpo para frente.

Minha mãe aplicava beliscões no meio das minhas costas e, me fazia andar com vassoura entre os braços e livros na cabeça para corrigir-me a postura.  Os livros eram meus aliados nessa empreitada.

Lembro quando minha ideia sobre eles mudou. Foi quando recebemos a visita inesperada da prima da minha mãe, que era chamada por todos de Madrinha Nelci. Ela era uma mulher muito bonita e culta, eu queria ser como ela quando crescesse, acho que pelo fato dela usar óculos e ainda ser bela mesmo assim. Tínhamos eles em comum.

Ela trouxe presentes e recebi o meu abrindo-o sem hesitação. Para minha surpresa surgiu o "Diário de Anne Frank", um livro não muito grosso, mas que  era bem diferente dos costumeiros gibis da Turma da Mônica que eram meus companheiros mais próximos na época.

A madrinha Nelci sentou junto a mim e discorreu sobre a menina que tinha quase a mesma idade que a minha e, havia escrito um diário onde contava sobre sua vida. A danada não me disse nada sobre os horrores que ela viveu e, foi assim que convencida mergulhei nas páginas do livro.

Foi um dos grandes momentos da minha infância. A leitura ia acontecendo e com ela a minha vontade de escrever minhas histórias nasceu. Naquele ano escrevi meus primeiros poemas.

Tudo isso por causa da minha amizade com a Anne.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

DESCONFORTO

 Alguns acontecimentos ainda me trazem um leve desconforto. Estranho como apesar de eu estar feliz de verdade, uma leve tristeza por vezes passeia no meu estômago. O mundo me assusta quando vejo gente se explodindo por causa de religião, jovens com armas matando outros, mulheres obrigadas a usar o véu do cárcere e, aqui no "Barasil" todo tipo de corrupção instalada nos três poderes, com o aval da sociedade civil organizada. 
Olho para essa realidade e fico pensando como a humanidade anda tão pouco civilizada. Os desistentes afirmam que sempre foi assim. Os otimistas dizem que o bem é tímido e não rende manchete nos jornais, mas é inegável que o que se mostra não agrada. O mundo mudou é fato, mas será que para melhor? Essa pergunta anda espreitando o pensamento daqueles que se importam.
Como se cortam todas as árvores aqui no interior onde a temperatura média é de 40° à sombra no verão, sinto a esperança por um mundo menos insano também dilacerada. A juventude com seus smartphones totalmente alheia e com a percepção embaçada me parece inoperante. 
É com essa sensação de que nada pode mudar o que está em curso é que constato a minha aquiescência.
Assim me torno expectadora do filme inverossímel apenas acompanhada de um balde de pipoca e refrigerante.