quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

MUNDO PERFEITO



Na entrada da estradinha de terra,
Vi um casal de velhinhos que descia de um ônibus.
Meus pensamentos vagaram na utopia de um mundo perfeito!
Fiquei pensando que eu gostaria, 
Que quando as pessoas chegassem nessa idade mais avançada, pudessem ter:
Uma casa simples, com tinta nas paredes e flores para enfeitá-la;
Uma mesa farta sem caviar ou escargot, mas que tenha sabores e cores que satisfaçam o paladar;
Um carrinho na garagem que não precisa ser um jaguar ou um porsche, mas que sirva para poupar os pés já cansados pelo tempo de uma grande caminhada;
Conversas acaloradas de gente que tem a alma tranquila pelo dever cumprido às custas apenas dos esforços de muitos dias;
Uma reserva no banco para socorrer um ente querido num momento de escassez e necessidade ou para amenizar o sofrimento quando a saúde do corpo esmorecer.
Seria tão bonito se fosse desse jeito!



MEU RANCHO


A estrada de chão que me leva ao paraíso 
Está cheia de cascalhos
E quando chove poças imensas de água surgem
Deixando o barro escorregadio
Mas a chuva deixa verde a minha matinha
Um verde que acalenta a minha alma
E o balanço das minhas palmeiras
Embalam os meus sonhos
Lá no meu rancho
Tem pica-pau
Tem patuí
Tem até tucano
Assim meus dias seguem tranquilos
Porque lá tenho o que realmente importa
O apego às coisas simples
O apreço ao que vale realmente a pena
O cuidado com aquilo que não tem preço
Lá no meu rancho tem muito amor
E quem chega sente logo na entrada...

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

MINHA AMIZADE COM ANNE


Aos doze anos, eu era uma menina magra e esguia, carregava uma altura bem maior que a das minhas colegas, por isso, teimava em escondê-la, curvando meu corpo para frente.

Minha mãe aplicava beliscões no meio das minhas costas e, me fazia andar com vassoura entre os braços e livros na cabeça para corrigir-me a postura.  Os livros eram meus aliados nessa empreitada.

Lembro quando minha ideia sobre eles mudou. Foi quando recebemos a visita inesperada da prima da minha mãe, que era chamada por todos de Madrinha Nelci. Ela era uma mulher muito bonita e culta, eu queria ser como ela quando crescesse, acho que pelo fato dela usar óculos e ainda ser bela mesmo assim. Tínhamos eles em comum.

Ela trouxe presentes e recebi o meu abrindo-o sem hesitação. Para minha surpresa surgiu o "Diário de Anne Frank", um livro não muito grosso, mas que  era bem diferente dos costumeiros gibis da Turma da Mônica que eram meus companheiros mais próximos na época.

A madrinha Nelci sentou junto a mim e discorreu sobre a menina que tinha quase a mesma idade que a minha e, havia escrito um diário onde contava sobre sua vida. A danada não me disse nada sobre os horrores que ela viveu e, foi assim que convencida mergulhei nas páginas do livro.

Foi um dos grandes momentos da minha infância. A leitura ia acontecendo e com ela a minha vontade de escrever minhas histórias nasceu. Naquele ano escrevi meus primeiros poemas.

Tudo isso por causa da minha amizade com a Anne.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

DESCONFORTO

 Alguns acontecimentos ainda me trazem um leve desconforto. Estranho como apesar de eu estar feliz de verdade, uma leve tristeza por vezes passeia no meu estômago. O mundo me assusta quando vejo gente se explodindo por causa de religião, jovens com armas matando outros, mulheres obrigadas a usar o véu do cárcere e, aqui no "Barasil" todo tipo de corrupção instalada nos três poderes, com o aval da sociedade civil organizada. 
Olho para essa realidade e fico pensando como a humanidade anda tão pouco civilizada. Os desistentes afirmam que sempre foi assim. Os otimistas dizem que o bem é tímido e não rende manchete nos jornais, mas é inegável que o que se mostra não agrada. O mundo mudou é fato, mas será que para melhor? Essa pergunta anda espreitando o pensamento daqueles que se importam.
Como se cortam todas as árvores aqui no interior onde a temperatura média é de 40° à sombra no verão, sinto a esperança por um mundo menos insano também dilacerada. A juventude com seus smartphones totalmente alheia e com a percepção embaçada me parece inoperante. 
É com essa sensação de que nada pode mudar o que está em curso é que constato a minha aquiescência.
Assim me torno expectadora do filme inverossímel apenas acompanhada de um balde de pipoca e refrigerante.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

CONTRA O AMOR


Mentira nenhuma
Nem mesmo as proferidas por lábios inocentes
Será capaz de separar o grande amor
Amor tão nobre
Que confia
Amor que passa por todas as provas
E assim se fortalece
Amor abençoado por Deus
Porque é verdadeiro
Esse tipo de amor resiste a calúnia
A inveja
A difamação
Esse amor não está a venda
Não se compra
Não se finge
Não pode ser substituído
É amor de essência
Daqueles que poucos são capazes de senti-lo
Porque amor assim demanda sinceridade
Compreensão
Cumplicidade
Amor desse jeito nem mesmo as artimanhas do mal maior é capaz de destruir
Porque amor assim é para sempre...

sexta-feira, 6 de junho de 2014

MEU MELHOR LUGAR NO MUNDO



Hoje acordei envolta em braços
Braços que me acariciavam
Mãos que afagavam meus cabelos
Voz que proferia as palavrinhas mágicas que tanto gosto de ouvir:
"Eu te amo!"
Dizia que tinha orgulho de ser meu marido
Agora sou uma esposa...
Casamos!
Uma semana de matrimônio
Estou encantada...
A cerimônia,
A comemoração,
Com os amigos mais que queridos
Alguns até com lágrimas nos olhos
Sentimos nas felicitações o sincero desejo para nossa felicidade...
Em nossa casa, junto aos nossos...
Simplesmente comemoramos:
jantamos, brindamos, dançamos...
Hoje me dei conta que estou casada
O amor que sentimos nos trouxe até aqui
E ele me lembrou
Eu aninhada em seu peito
Me perguntou:
"Qual o seu melhor lugar no mundo?"
Respondi:
"Aqui, bem melhor que Paris, Roma ou Buenos Aires!"
E assim, fui feliz mais uma vez...
Agora sou uma mulher casada!


quarta-feira, 9 de abril de 2014

MUDANÇA


Muitas vezes nos deparamos com situações que nos afligem dia após outro e, por medo, ficamos ali inertes, suportando o sofrimento da insatisfação. Comigo aconteceu no trabalho. Assumi, em 2008,  a função de Coordenadora Pedagógica dessa grande escola, na qual eu já trabalhava como professora desde 1997.

Foi um desafio e tanto, naquela época, a sala da Coordenação não tinha sequer computador, não havia nenhum documento em arquivo, não se falava em projeto, não se usava as novas tecnologias.

Comecei do zero. Cada  arquivo, seja modelo de ata, relatório, convite, certificado, aviso, lista de presença, folder, tudo foi idealizado e digitado por mim. 

Os embates para mudança de paradigmas, esses foram sim, a tarefa mais desgastante. Convencer os colegas da necessidade de se trabalhar com projetos e de inserir nas suas aulas as ferramentas disponibilizadas pelo computador e o datashow instalados numa sala improvisada como auditório, montada em parceria com a direção. Montar material pedagógico para cada disciplina, preparar os CDs  com o auxílio do antigo Nero, sendo eu da área de Matemática, tive que pesquisar muito até compilar todo o material para ser entregue a cada professor da unidade. Resultado, o auditório hoje, funciona a pleno vapor, sendo necessário agendá-lo até com um mês de antecedência.

Antes do Estado do Rio de Janeiro, lançar o Currículo Mínimo, eu implantei, em 2009, o projeto "Ementas CEFT", quando percebi que cada professor lecionava o conteúdo que lhe achava conveniente, assim se um aluno trocasse de turma, no mesmo ano de escolaridade, se deparava com um assunto completamente diferente, e acabava extremamente prejudicado.

Organizei, com auxílio de uma colega, toda a progressão parcial dos alunos do colégio. Hoje tudo fica registrado, assim que a dependência é lançada em ata, no período subsequente, o nome do aluno conta em lista divulgada, na qual fica registrado o nome do professor responsável e o período em que a dependência deverá ser realizada. Assim cumprida a mesma, o nome do aluno é retirado da lista e sua documentação encaminhada à Secretaria para arquivamento na pasta individual. Criamos um arquivo morto, com a relação dos alunos que já se formaram, mas ainda devem alguma dependência. Assim, quando eles nos procuram, basta localizá-los na lista e pronto.

Foram muitas reuniões, onde eu cheia de ideias e ideais, colocava minha opinião, e acabava alvo de todo tipo de grosseria e até escárnio, por parte daqueles que não acreditavam que era possível fazer uma escola de qualidade, mesmo esta sendo pública.

Os anos se passaram, eu que antes era sozinha para tudo, fui recebendo gradativamente, com muita alegria, os colegas para formar a tão sonhada equipe pedagógica, que hoje é realidade. Há um ano e meio atrás passei a receber a gratificação, mais que merecida, pela função exercida. 

O desgaste físico e emocional principalmente, me fizeram aquiescer. Eu já não me reconhecia.

Acabei alterando o meu tom de voz. Nesses 25 anos de efetivo exercício em salas de aulas, desde o tempo da turma multisseriada da escolinha de zona rural onde comecei, passando pelos cursinhos pré vestibulares, ensino médio, pelas salas da Federal Fluminense quando atuei como professora substituta, mesmo lá na linha de frente, poucas vezes levantei meu tom de voz.

Percebi que em certas ocasiões, chegava ao extremo de proferir palavrões, o que na minha criação sempre foi considerado algo escandaloso e fora de propósito. Eu uma pessoa tão aberta ao diálogo, sempre defensora do livre pensamento, que adoro discussões no âmbito das ideias, me peguei sendo truculenta com os meus pares.

Notei que pouco a pouco estava me transformando em algo que não me agradava. Não culpo a ninguém por isso. Nem mesmo a mim. Tudo na vida tem seu tempo. O meu na Coordenação Pedagógica acabou.

Guardo boas lembranças dos lindos projetos executados, das amizades que fiz e, espero que algumas permaneçam, das conversas acaloradas sobre educação onde o foco era sempre a melhoria do processo, para a construção de uma escola de excelência.

Minha consciência jaz tranquila. Nunca fugi do trabalho árduo. Quando ociosa, nos meus plantões, apenas abria meus livros, companheiros de uma vida, que ampliam minha visão de mundo, o que na minha humilde opinião, é essencial a qualquer profissional, principalmente aos de educação.

Agradeço a oportunidade de ter desempenhado essa função, ao diretor da unidade, que confiou em minha competência e me fez o convite lá atrás em 2008, onde eu muito receosa, tive a coragem de aceitá-lo.

Com essa mesma coragem me despeço. 


Sou alguém que não acredita em erros e acertos, mas que entende que as coisas não deram errado, apenas não aconteceram do jeito que você imaginava, e que o importante é aprender sempre. Sou também frágil, apesar de parecer sempre forte aos olhos daqueles que não me conhecem de fato. Ainda acredito, que em cada pessoa que vive neste planeta exista mais bem que mal. Sou otimista por natureza. Digo sempre que minha maior qualidade é também o meu grande defeito: a SINCERIDADE. O resto de mim, fica para aqueles que tenham vontade de olhar um pouco abaixo da superfície.......



Rosivar Marra Leite - 09 de abril de 2014

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PRAZER NA NOITE


Na noite alta
Sinto o ser rígido e tenso a roçar em mim
Num movimento rápido
Tenho o peso dele sobre meu corpo
A mão investe contra o tecido delicado da vestimenta íntima
Quando finalmente nada mais o impede
Ele força a sua entrada no ímpeto de não poder esperar
Lentamente eu o aceito em mim
As palavras "Eu te amo"
Ditas repetidas vezes
Quase em desespero
Num movimento incontrolável
Minhas entranhas reagem delirantes
Agora estou completamente dominada
O líquido quente jorra em profusão
Já não sei se é sonho
Mas ele me inquere
"Quem de nós começou?"
Eu então percebo
Que foi real
E concluo então
Começamos enquanto dormíamos...