segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ANO NOVO


          Ano Novo é nada mais que o dia seguinte, afirmam os mais céticos.  Fisicamente falando são apenas 24 horas que nos separam do ano seguinte, mas podemos em nossas mentes utilizar essas horas para rever nossas atitudes, colocando na balança o que deu certo e aquilo que não aconteceu como planejado. Eu prefiro crer que podemos estabelecer metas para o ano que se inicia.
          No meu caso, andei pensando e vejo que não posso reclamar muito de 2010: trabalhei bastante, fui incompreendida, mas faz parte do processo; terminei um relacionamento, iniciei outro que também não durou, mas aprendi bastante com eles; fiz novas amizades, mas investi também nas antigas;  viajei não tanto quanto desejava, mas aproveitei cada minuto longe de casa; comprei coisas fúteis para mim necessárias, mas dediquei pequena parte aos mais necessitados; ou seja, acertei algumas vezes, errei outras tantas, mas o que importa é que foi um ano bem vivido, afinal realizei o meu grande sonho, publiquei o meu primeiro livro.
          Para 2011 já tenho  minhas metas:

1- Passar a virada viajando, não deixar de pular as sete ondas  bebendo champanhe e, principalmente juntinho das pessoas que amo;
2- Curtir as férias de janeiro sem preocupações, aproveitando para terminar meu terceiro livro;
3- Voltar ao trabalho com ânimo, mas não nadar contra a corrente, é muito cansativo; 
4- Lançar meu segundo livro, quem sabe o terceiro também;
5- Arranjar um namorado bonitinho, um tantinho inteligente e que principalmente goste mesmo de mim;
6- Ser mais paciente e ter muita calma;
7- Ouvir mais que falar;
8- Estar sempre pronta para ajudar, mas somente àqueles que me pedirem, não quero correr o risco de ser inoportuna;
9- Brigar menos, mesmo que por motivos justos, afinal não vale a pena dar murro em ponta de faca;
10- Sorrir o tempo todo, o mais que eu puder e, se acaso eu chorar que seja por uma causa nobre, que enxugue as lágrimas e não demore  a sorrir novamente.

          Desejo que cada um de vocês, estabeleça seus objetivos para o ano que está chegando. Acreditem que com força de vontade podemos recomeçar, acertando as arestas e melhorando nossas vidas e as daqueles que nos rodeiam. Uma certeza eu carrego: melhor sorrir que chorar.
          Como dizem os taxistas chilenos: "Suerte!"

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

NATAL

         
          Novamente estamos há poucos dias do Natal, época em que as famílias dedicam grande parte do seu tempo nos preparativos das ceias e compras de presentes. Ontem no local onde professo minha fé, discutíamos o real significado desta data, todos sabíamos que era o dia utilizado pelos cristãos para comemorar o nascimento de Jesus Cristo, mas quantos de nós colocamos em prática o motivo real da comemoração? Apesar de todo ano, nesta época, doarmos sempre uma cesta básica, comprarmos um vinho para o carteiro, presentearmos a empregada doméstica, na verdade ainda assim achei que fazíamos muito pouco.


          Este ano aqui em casa decidimos por um Natal diferente: eu e minha irmã, chamamos nossa mãe e demais entes queridos e avisamos que os costumeiros presentes não seriam distribuídos. Todos os anos, no final de novembro, começávamos as compras, levávamos muitos dias e horas para completar a lista, preocupadas em agradar, optávamos pelas lojas mais caras e gastávamos uma acentuada soma de dinheiro, o que ocorre é que mesmo assim nem sempre agradávamos, afinal presenteamos pessoas a quem não falta nada: todos têm as melhores roupas, sapatos, perfumes, brinquedos... Daí a grande ideia para este Natal: vamos comprar presentes exatamente para aqueles que mais necessitam.


          Que maravilha a sensação de sair à rua para comprar roupas, sapatos e brinquedos para idosos e crianças carentes, muitos deles moradores de asilos e abrigos. Nossos corações experimentaram uma alegria, jamais sentida nas compras dos Natais anteriores. Uma paz interior, uma calma, um acalento, uma doce energia, que nos fez optar por levar alguns desses presentinhos, pessoalmente no próximo dia 24.


          Acredito que neste Natal, eu e minha irmã vivenciaremos o seu maior significado: o amor a nós mesmas, através da oportunidade que estamos tendo, de ser útil de alguma maneira ao nosso irmão.

          Desejo, caros amigos, uma mesa farta, junto de seus entes queridos, alguns presentes e principalmente a certeza de ter contribuído com a alegria de alguém.

          Façamos este ano um Natal diferente em nossos lares: o Natal da Solidariedade!

sábado, 4 de dezembro de 2010

ANIVERSÁRIO

         
          Noite de sábado, cabelos penteados, unhas pintadas num tom angelical, pele bronzeada e não ter onde ir. Morar na aldeia é assim: a perfeição desperdiçada.
          Hoje no clube quase vazio, pensei claramente no porquê de nunca ter ido embora daqui. Acabei não achando resposta, apenas não aconteceu. O grande equívoco é que não me encaixo no local, jamais acertei os passos nessas ruas.
          A cidade é bonita: rio passando, pássaros cantando, Sol o ano inteiro, nas poucas vezes que  a chuva cai,  sempre surge o cheiro de terra molhada que lembra passado, uma montanha belíssima, no formato de um elefante que chamam de serra, mantém-se a espreita, como se fosse um protetor mitológico.  
          Na próxima semana completarei mais um ano de vida nesta terra. Não gosto do calor que faz aqui, uma brisa quente sopra nas noites de verão, sufocando minha alma. A melodia da música, substituída pelos auto-falantes triunfantes, que pulsam nos bagageiros dos veículos, gritando a nova onda do funk. Este clima  gera nos habitantes da aldeia, uma escassez de ideias que, confesso afetam minha calma.
          Presa neste ambiente nada acolhedor durantes anos, catalisando experiências desagradáveis, ofuscando pensamentos, maqueando opiniões, entregue a mais profunda solidão, contando apenas comigo mesma,  para manter a sanidade, como única opção, passei a atuar em monólogos.
          Num momento decisivo, aceitei minha permanência aqui, mesmo ansiando partir. Assim, passei a expressar opiniões, iniciar discussões, mostrando-me como sou, sem constrangimentos, os monólogos transformaram-se em diálogos. Agora, não me importa ser aceita ou não na aldeia, não anseio a chave da cidade, apenas vivo aqui com sucessos e fracassos, próprios de uma vida normal.
          Este ano não haverá comemoração de aniversário e, não é por estar nesta cidade. Apenas não estou com vontade de festa, decidi ir na véspera para uma cidade fria e amanhecer lá. Se gostar, farei a mesma coisa nos anos que vierem. Não gosto mesmo daqui, o calor me aborrece, apenas isso.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MULTA DE TRÂNSITO

         
                              
         Há cerca de um mês, ao pegar o meu carro onde sempre estacionava, encontrei fixado no para-brisa um bilhete que pedia para que eu não o colocasse mais naquele local, pois o mesmo atrapalhava a loja estabelecida ali. O bilhete não trazia um tom muito cordial, fiquei um pouco chateada e é claro parei de estacionar meu carro conforme solicitado.
          Passei a estacioná-lo em outro local, ficando um pouquinho mais distante do meu trabalho, nada que me atrapalhe, a não ser em dias de chuva, pois tenho que correr para não ficar muito molhada, o outro espaço era frontal ao meu emprego, precisava apenas dar alguns passos, mas a chuva não me incomoda, ao contrário, adoro dias nublados e chuvosos.
          Hoje depois de uma manhã daquelas no trabalho, onde toda a minha paciência foi testada, ao entrar no meu carro, vi novamente outro bilhete fixado no vidro. O carro estava muito quente, tinha acabado de ligar o ar-condicionado e, já estava saindo quando vi o papelzinho. Desci indignada, nem mesmo desliguei o carro, peguei o papel, coloquei no banco do carona e segui para casa, pensando "Vou ler depois, afinal me aborreço mais tarde!".
          Ao entrar no elevador, já mais calma, resolvi olhar o bilhete. Grande foi a minha surpresa com o que estava escrito:



"Multa - Veículo Multado - Placa LQT _ _ _ _
Motivo: Abondono à velha amiga mais gata do planeta
Valor: Nada que o dinheiro possa pagar
Órgão: Polícia da Amizade"

          Feliz daquele que pode contar com amigos nessa vida de tantas provas. 
                                 Amigo não é apenas o que chora com você e te conforta, mas principalmente aquele com quem você anseia dividir suas alegrias.
          Agradeço minha amiga por esta multa e, espero que seja multada inúmeras outras vezes. Assim ficarei cada vez mais orgulhosa da nossa grande amizade.