segunda-feira, 26 de julho de 2010

CONSELHOS


Às vezes fico imaginando se minha vida seria diferente se recebesse conselhos. Isso mesmo, aquelas dicas que os pais dão para os filhos com aquelas conversas sobre a vida e, que geralmente as pessoas acham tão chatas fazendo qualquer coisa para fugirem delas. Tive pouca ou quase nenhuma conversa desse tipo com meus pais. Ele muito alienado vivendo para sempre como um garoto e, minha mãe estava sempre tão mal-humorada que tinha muito medo de me aproximar dela.

Pois bem, decidi dar uns conselhos. Sei que é muito estranho, mas o que fazer se minhas mãos insistem em escrevê-los. Alta madrugada e não penso em outra coisa, então, decidi levantar e aqui estou.

Primeiramente, vamos àqueles, que recebi do meu pai.

Disse um dia, quando eu tinha doze anos: “Não engravide e nem se deixe engravidar, se isso não for algo planejado pelos dois. Outra coisa importante, não use drogas, algumas pessoas são vulneráveis e acabam se viciando. Beber socialmente é legal, mas não assuma o volante, nem entre no carro de alguém que tenha bebido”. Engraçado é que acho que ele fez boa parte disso!

Agora, vamos aos meus. Não comece a trabalhar muito cedo, assim você amadurece muito rápido e, decididamente não é nada bom. Tenha uma profissão que goste como ganha pão, mas não demonstre muita eficiência, isso só deixará seu chefe inseguro e os colegas cheios de raiva. Resultado: dores enormes nas costas, gastrite e terapia. E quer saber, reconhecimento, no trabalho, com a competição de nossos dias, não espere por isso, esqueça!

Tenha um projeto: escreva um livro, pinte um quadro, cuide de um jardim, faça aulas de dança, entre num coral, ou seja, produza algo. Não esqueça de mostrar-se. Não esconda isso, deixe que os outros te vejam por sua paixão. Realize-se!

Viaje sempre! Primeiro ensaie viagens pequenas, para que você se sinta seguro, depois trace no mapa um roteiro que te leve a outro estado, perceba outros sotaques. Repita, várias vezes o ritual: escolher o destino, fazer as malas, pegar a estrada de mapa na mão e, sentir a alma do local. Depois, estará pronto para a sua primeira viagem internacional: outra língua, outro país, outros sabores... Tenha calma, preste atenção, aí você terá experimentado o gosto da liberdade.

Amigos, seja verdadeiro com eles, mas não espere o mesmo. Muitos passarão na sua estrada, mas poucos seguirão contigo. Dê valor aos mais antigos, mas deixe sempre as portas abertas para os recém-chegados.

Família, a gente não escolhe. Estreite os laços apenas com aqueles que tenham afinidade com você. Aos outros trate com delicadeza. Não se culpe se não tiver assunto com seus pais, às vezes acontece, mas sempre tenha respeito por eles.

Quanto ao amor, acredito que o melhor é buscá-lo. Talvez ele nunca chegue, mas o que importa é que você não esmoreceu. Para mim amor e sexo andam juntos, mas se você puder separá-los, as coisas serão mais fáceis com certeza.

Entenda que esse é o meu ponto de vista. E aviso que, posso mudar de opinião daqui a uma semana. Desconsidere o que não concordar, mas se achar algum deles interessante siga-o!

Quem sabe sua vida será diferente por ter lido os conselhos que não recebi...









MEU NOVO LIVRO



Já estou a pleno vapor escrevendo meu novo livro infanto-juvenil "A Princesinha dos Cachinhos Dourados".
Uma aventura de meninas inteligentes e criativas, que se juntam ao seu fiel amigo, o cachorrinho Ludovico.
Uma delícia de história que com certeza encantará crianças e adultos.
Para vocês, meus amigos, uma prévia:

"Havia um reino muito distante, onde o Rei Vavá vivia feliz com a Rainha Rose e sua filhinha, a princesinha Basinha. A família vivia muito animada com a espera da chegada do seu mais novo membro.

O Rei sorridente dizia a todos:
- Em breve serei pai de um lindo menino que meu trono herdará!

Todos no reino, esperavam ansiosos a chegada do herdeiro. Naquela madrugada a rainha teve um lindo bebê! O rei esperava para ver seu sucessor. A rainha Rose estava preocupada, pois sabia que o rei por um filho homem ansiava.

Foi grande a sua surpresa, quando foi colocada em seus braços, uma bebezinha de olhos extremamente verdes e cachinhos dourados, que lhe caíam sobre os pequeninos ombros e lhe sorria às gargalhadas."

quarta-feira, 21 de julho de 2010

ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE ESCRITORES E ARTISTAS

Na manhã de segunda, o interfone tocou: era meu tio Kleber, Presidente da Academia Itaocarense de Letras. Sua voz disse "Meu bem, tenho algo em minhas mãos, mas só posso dar-lhe quando estiver sentada, porque você corre o risco de cair!". Imaginem minha expressão quando recebi o certificado de membro da IWA.



Um sorriso de satisfação surgiu em minha face e confesso  grande orgulho atingiu minha alma. Olhava para o papel delicado sem acreditar no que meus olhos viam. Eu, uma garota do interior, que ensaia os primeiros passos no mundo da literatura, da distante cidade de Itaocara, na mesma associação do brasileiro Ariano Suassuna, do Prêmio Nobel de Literatura Toni Morrison, do Prêmio Nobel da Paz Rigoberta Menchú, e também do  Presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros.





Fico muito honrada e recebo sim a homenagem esperando fazer jus a tão grande missão, de enveredar de vez no caminho das artes e contribuir com meus contos, crônicas e poesias para a construção de um mundo melhor.  Finalizo dizendo apenas: MUITO OBRIGADA!


terça-feira, 20 de julho de 2010

O AMOR E AS LETRAS



Procuro a letra do meu amor!
O "C" foi o primeiro
Amor de ainda menina
Que chegou sorrateiro.
Em seguida o "M" veio
Louca paixão
Lembro o gosto de nossos beijos
Não foi ligeiro
Ficou por tanto tempo
Que acreditei então ser ele o meu amor verdadeiro
Mais um dia ele também passou,
E minha busca assim recomeçou.
Um outro "C" entra em cena
Para me convencer que o amor
Às vezes vale a pena.
O "A", de Peter Pan o chamava
No meu colo, seus cabelos eu afagava.
O "S" se dizia amigo
Que um dia confessou
Querer algo mais comigo.
O "J" nunca beijei
E às vezes penso que com ele o amor desperdicei.
Outro "M" chegou
E uns poucos beijos ensaiou.
Com um novo "M", o prazer descobri
Mas tão pouco ficou
Que dele saudade nunca senti.
E assim todas as letras passaram...
Hoje procuro novos olhares,
Outros afagos,
Novas histórias.
Que muito tempo não demore,
Porque a verdade confesso:
Apesar de algumas letras
Ainda não chegou aquela
Que fez do meu coração sua morada...


segunda-feira, 19 de julho de 2010

CONFUSÃO


Tudo que acontece no meu dia-a-dia
Transformo em conto,  crônica ou poesia
Os números saem de cena
Será isto sabedoria?
Confesso, ando meio perdida
Matemática como ganha pão
Ou letras por profissão?
Tento apenas dar simetria
E traçar geometricamente
As vogais e consoantes
Que dão sentido a minha efêmera vida...

O BEIJO QUE NUNCA ACONTECEU

 O frio iniciava seus primeiros passos com o fim do outono, quando resolvemos sair naquela noite. Desci com você até a garagem no subsolo e, um grande morcego pairou sobre nossas cabeças exatamente quando nossos olhos se cruzaram de um jeito que durante muito anos evitamos. Meu coração disparou e uma certa inquietação tomou conta do meu corpo. Não soube como agir porque você é  grande conhecedor de mim e, eu sabia então que era impossível me esconder.

Nesse instante seu olhar insistiu em me procurar e eu tentava em vão fingir não notar. Inexplicavelmente você ousou perguntar se eu estava com medo de você. Confesso que menti quando respondi "Por que estaria com medo de você?". A resposta correta seria que na verdade temi imensamente por mim. Sabia que se você me pegasse nos braços jamais resistiria e seria obrigada a confessar para mim mesma o quanto me importava  a sua presença.

Você hesitou por um breve instante que me pareceu durar bem mais que a real dimensão do tempo. Rimos de nós mesmos e culpamos a criatura da noite que havia nos assustado. Então, tudo voltou ao normal! Dois grandes confidentes incapazes de confessar o impensável. Silenciamos para sempre as palavras que deveriam ter sido ditas naquela noite. Nunca mais falamos no assunto e seguimos nossas vidas como antes.


Hoje confesso que me pego, às vezes, pensando em como teria sido o beijo. Seria  suave o toque de seus lábios explodindo numa emoção há tanto sufocada?  Teria seu corpo quente conseguido aquecer todo o frio da minha alma? O momento seria fugaz ou se perpetuaria por toda a eternidade?
Agora, essas perguntas permanecerão sem resposta. Afinal, nosso beijo nunca aconteceu.

sábado, 17 de julho de 2010

LOUCA NA NOITE




Ontem a noite estive completamente louca. Andava olhando todos de cima, como antes me olharam. Observava tudo aos risos, debochando dos nomes venerados nesse ambiente inóspito, porém aglomerado. Mudei meu tom de voz dando ênfase aos agudos, que eclodiam ao imitar as gralhas com as quais sou obrigada a ter convívio quase que diário.

Não tinha bebido sequer uma gota do néctar alcólico que costuma dar coragem aos fracos. Não necessito desses recursos para vestir uma máscara que me permite satirizar o mundinho nebuloso das almas decadentes.

Não estava tentada a me embriagar, então recorri a apenas um Amarula gelado e doce, ao qual deliciava com um prazer quase que doentio. Os companheiros de luta se envergonhavam do papel por mim representado e que intrigava a multidão insegura. Custei convencê-los de que apenas me divertia de forma maldosa e inoportuna e, que realmente assumira a postura de simplesmente romper regras.

O calor me incomodava a ponto de propor ir ao carro  e tirar a segunda pele. Novamente choquei, quando em pleno estacionamento tirei a parte superior da roupa, deixando os seios desnudos. Nossa, quanto pudor desperdiçado! Fiquei bem mais a vontade sem a blusa de baixo.

A partir desse instante a banda tocou e dancei em seu ritmo contagiante. Sempre quis cantar em público, apesar dos bares de karaokê, ainda não realizei esse sonho.

Quase morreram quando joguei o meu Trident dentro da latinha vazia de coca-cola que com sua forma cilíndrica espreitava a conversa que se passava na mesa. À essas horas, já tinham se acostumado com a louca que com eles dividia o ambiente.


Percebi que aquele comportamento me agradava e, que na verdade o papel até então representado apenas me divertia. Não de forma a chocar quem quer que seja, porque na verdade, pela primeira vez ninguém mais importava a não ser eu mesma. Somente o meu bem-estar estava em xeque e, com uma jogada de mestre me libertei dos olhares inconvenientes de alguns dos habitantes da cidadela.

Libertação! De agora em diante, informo: somente a mim me reporto.



quinta-feira, 15 de julho de 2010

DESENCANTO

       Mudei para a cidadela aos dez anos de idade. Achei tudo tão diferente, mas encantei-me com o verde das árvores centenárias que saltitavam nas praças, com o silencioso rio que corria calmo nas pedras, com o carinho dos avós que me mimavam com sua sabedoria, própria de uma vida bem vivida. Foi com ele que aprendi que todas as pessoas que habitam essa terra de nosso Deus são iguais e merecem todo meu respeito, era sábio o meu vovô Zizito, mas tão inocente!
      Certa vez, esperávamos minha avó na entrada do antigo INPS, prédio que ficava logo após a casa de saúde e que hoje cedeu espaço para uma clínica de estética, então, na sua elegância cumprimentou uma senhora que passava pela rua com um singelo "Bom Dia", a senhora da sociedade virou o rosto grosseiramente e nada respondeu. Minha irmã e eu, crianças naquela época, perguntamos: "Vô, por que Dona Fulana não lhe respondeu?" Ele na sua altivez nos disse: "Meninas, manda a boa educação que ao vermos uma pessoa conhecida, a cumprimentemos, desejando para ela um bom dia, mas se ela acha que é melhor que eu e optou por não responder, o que temos que ter não é raiva dela, mas sim pena, porque mostra assim que é uma pessoa muito infeliz."  
      Aquele dia achei ter aprendido uma grande lição e assim venho seguindo por minha vida, mas ontem numa festa para crianças de aproximadamente dez anos vi a história se repetir, só que desta vez comigo. Nessa aldeia as coisas não mudam: clínicas de estética se multiplicam assustadoramente, a população corre aos cursos universitários, todos têm casas de teto rebaixado, televisões de LCD sorrateiramente penetram em todas as salas e, a Internet liga a cidadela ao grande mundo. Nossa, quanta evolução! Dia desses me disseram com orgulho "Cresceu o nosso IDH!", e eu pensei estamos evoluindo. Ledo engano!
      O "ter" continua quase insuperável: casa, carro, objetos... Só que agora  o "ser"  o supera em todos os limites:  fazer lipoaspiração é regra não exceção, os anabolizantes na academia criam músculos jamais pensados outrora, ser visto no jornal ao lado de políticos venerados é uma obrigação... Nossa, nunca vi tanta importância pro "Ser"!
      Nesse instante, volto à festa das crianças, quando a música dizia "É preciso saber viver!". Confesso que não sei viver nessa cidadela! Ainda acredito que é regra mínima da boa educação dizer "Boa Noite", mesmo àqueles que não conheço de fato. Um dia aprendi que todas as pessoas são iguais e portanto merecem respeito. Ainda creio profundamente nisso e acho que no dia em que deixar de crer, não tenho mais razão para viver. Não posso recorrer à drogas controladas para dormir depois de uma noite dessas, porque o meu estômago ainda está embrulhado e nem sequer consegui almoçar hoje.
      Claro que adoraria ter uma tv de LCD e provavelmente não demoro a adquiri-la. Lipoaspiração, tenho receio, mas um dia ainda farei drenagem linfática para experimentar os resultados. Minha casa, talvez a projete um dia e sabiamente rebaixarei seu teto, porque amo a beleza. Roupas caras e bonitas são por mim muito apreciadas, mas nada disso soa mais importante do que SER uma pessoa melhor, que respeita os outros, não para cumprir um rito social, mas simplesmente porque acredito nisso.
      Hoje acordei com vontade de partir de vez da cidadela, quem sabe encontro em outro lugar pessoas que encarem a vida como eu? Vou pensar seriamente nessa possibilidade...

quarta-feira, 7 de julho de 2010

TRIBUTO AO CAFÉ

As pessoas passam apressadas enquanto termino meu expresso. Aproveito cada gota como se me agarrasse aos últimos momentos do prazer. Os funcionários da cafeteria ensaiam um ritmo frenético e o esguicho do café fresco enriquece o ambiente com seu cheiro agradável causando uma certa nostalgia. Casais enamorados confabulam seus planos, absortos um no outro, não notam o que se passa ao redor.
Estou aqui sozinha no centro tumultuado da antiga capital. Acabei de ver Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti e Burle Marx no museu. A arte também ecoa nas ruas circundantes e o som da buzina dos carros e das vozes a minha volta me fazem acordar dos meus devaneios.
Lembro que daqui a poucos instantes o celular tocará e os afazeres conturbados me levarão de volta à rotina de um futuro ainda desconhecido. Será que continuarei no labor diário na distante cidadela? Não sei, mas estranhamente não estou preocupada. Acostumei a inconstância da minha vida e quase nada me desconcerta. Deixo o coração acelerar somente por emoções palpáveis como o líquido negro que toca meus lábios com  suavidade. Ah, me reporto novamente ao café, não sei explicar o efeito que provoca em mim!
Doce, amargo, quente, frio, delicado e forte. Não vejo minha vida sem ele. Necessito de café! Agora sinto meu vício cada vez mais perto e me entrego. Agradeço a todo esse turbilhão de sabor que inspira minha alma. Amanhã, outro dia, uma única certeza: uma nova xícara de  café...

terça-feira, 6 de julho de 2010

SANTIAGO DO CHILE

        Chego a uma nova cidade, olho ao meu redor tudo tão diferente, sinto-me tão solta e também receosa. Acaricio o frio gélido que sopra das cordilheiras, deslumbro esse momento. As palavras ditas numa outra língua fazem pra mim tão mais sentido. Mergulho na poesia inebriante do poeta: seu barco, sem ondas nem vento. Sinto-me parte dessa vida, poderia tê-la vivido.
         A noite chega e com ela a temperatura despenca. O frio aquece meu coração que pulsa num ritmo acelerado, como a vida esfumaçada lá fora. Penso: estou realmente aqui? Verdade. Obra e realidade se confundem num pulsar sereno agora.
          Amanhece, vejo o dia raiar nas montanhas. Agora a cada curva uma nova imagem. A neve cada vez mais próxima e de repente vejo cair os primeiros flocos como açúcar. Tento segurá-los como outras vezes tentei reter o instante. Descubro novamente a mesma impossibilidade. Cedo então ao fracasso, mas desta vez é diferente, não fracassei, reti a emoção da primeira vez. O medo do desconhecido, a coragem para penetrá-lo.
         O ar rarefeito faz meus pulmões trabalharem mais e estou ofegante, como da primeira vez. Meu corpo treme e me entrego ao momento fulgaz de prazer. Sou feliz nesse instante.
        Depois o sol surge e o oceano  derrama nas pedras seus segredos mais escondidos. Assim estou ali. Agora tentando absorver tudo. Deslumbro-me com o som que vem das pedras e sinto que acertei. Minha vida está ali em algum ponto entre as cordilheiras e o pacífico. Tudo se confunde em mim.
        Novidade? Não, não mesmo. Chega de certezas tortas. A vida não é como um teorema matemático com regras sóbrias e não necessita ser demonstrada com a frieza da exatidão. Prefiro todo turbilhão de dúvidas. Assim termino, entre a brancura leve da neve e a paciência ousada do oceano.