sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DIA DO PROFESSOR


          Hoje, comemora-se o Dia do Professor, estamos em casa, curtindo o feriado, depois de jantares de confraternização regados com conversas descontraídas. Somos remanescentes de uma profissão considerada pela sociedade como de quinta categoria, ocupada por profissionais de quinta e pessoas de quinta. Vejo os colegas outrora apaixonados, hoje nas aulas vagas debruçados nas suas "Apostilas de Concursos", buscando salários que permitam uma melhor condição de vida para si e suas famílias.
          Ontem pela primeira vez, senti vontade de segui-los. Não apenas pela remuneração, mas principalmente porque não sou uma pessoa de quinta! Não aceito que alguém que começou na mais nobre tarefa de ensinar "a ler e a escrever", paralelamente fez faculdade federal, migrou para o ensino médio, depois fez especialização paga com recursos próprios também em instituição federal, ministrou aulas em faculdade, pagou também curso de inglês, lê sistematicamente, prepara aulas durante horas utilizando as novas tecnologias, tem sempre projetos próprios trabalhados em suas turmas de atuação, seja uma profissional ruim.
          Ora, não me considero uma profissional de quinta, não aceito ser tratada dessa forma, não retifico para a sociedade que minha profissão seja menor, muito menos respeito os tecnocratas que assumem as Secretarias de Educação, e determinam sem conhecimento de causa que nós professores estamos ganhando muito bem pelo número de horas trabalhadas. Somente quem não tem a menor ideia da profissão seria capaz de tão descabida afirmação.
          Não somos valorizados, na verdade somos rebaixados. Pior que tudo isso acaba com a nossa auto-estima, nossos chefes também professores estão desanimados, nossos colegas já olham com descaso quando mostramos que ainda preparamos aulas em slides, promovemos projetos, ainda somos apaixonados pelo que fazemos. Todos estamos vencidos!
          A mim só sobrou fazer como os colegas que preferem largar a profissão do que simplesmente se deixar corromper. Na vida o que nos move é a paixão, e até ontem fui apaixonada pela minha profissão, agora afirmo que tentarei encontrar outro caminho, onde eu possa colocar toda essa energia criativa que faz parte de mim.
          Um grande abraço a todos os colegas de profissão. Lutadores de outrora, talvez sentindo-se vencidos agora, mas que para sempre, mesmo longe da profissão, eternos mestres. Aquele que um dia contribuiu para que  uma criança frágil e indefesa, depois de quase um ano de trabalho,  escrevesse  letras tão arredondadas, com tanto capricho, jamais deixará de ser professor. Depois ouvir o texto proferido naquela melódica fala infantil, a primeira vez, a gente nunca esquece, por isso somos mestres, porque não há tecnocrata no mundo que possa nos tirar isso.
          Parabéns professores! A nós mais que qualquer elogio ou reconhecimento externo, cabe hoje nossas lembranças.

4 comentários:

  1. Parabéns duplo para você: pelo dia dos professores e pelo belíssimo texto.

    Fabricia

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  2. Hoje, estou triste por ter perdido uma ex-aluna de Pádua. Trabalhava no Nildo Caruso Nara.
    Mas valeu sua lembrança, sua mensagem! Nós precisamos muito delas, é o que nos impulsiona para as tarefas na arte de ensinar.
    Beijos no seu coração. Tenha dias de paz!
    Você merece!
    Sônia

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  3. Abafa amiga............é uma pena que tudo que se torna em extinçao é olhado por outro ângulo...e caminha para isto...será que sobreviveremos até lá? Para levantar a bandeira da dignidade e verdadeira recompensa.........o tempo dirá...

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  4. Que este dia possa ser pelo menos respeitado! DA TRISTEZA VER A PROFISSÃO MAIS IMPORTANTE DO MUNDO SENDO TRATADA ASSIM. AQUI É O MESMO!
    Primo Ri - Australia

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