Contos, crônicas, relatos e opiniões...
Aqui é o espaço onde mostro minha essência!
A escritora se confunde com a mulher, externando todas as inquietações da alma de ambas...
Todo ano me deparo com o mês de dezembro e lá vem a jornada de compras de presentes. O cuidado na escolha para que possa agradar os que me são caros. Inquietações que não chegam a me tirar o sono.
O mais importante de fato é que através de presentes confirmo o amor incondicional que sinto pela minha mãe, pela minha irmã e pelo meu namorado. Os embrulhos são apenas a expressão desse sentimento nobre que cada gesto meu demonstra. Muitas vezes nos esquecemos do verdadeiro sentido do "presente de Natal".
Não menos importante, são os emails que encaminhamos nessa época desejando "Boas Festas e Próspero Ano Novo". Muitos dos nossos contatos são colegas de trabalho, uns mais próximos outros nem tanto, amigos e familiares que se tornaram distantes e, há ainda aqueles que não têm corpo, são exclusivamente virtuais. Não importa, o que realmente conta é que nessa época esses votos são realmente verdadeiros. Parece que ficamos mais suscetíveis a desejar a felicidade ao próximo e almejá-la para nós mesmos.
Nesse momento, fazemos aquele balanço anual, refletimos sobre o ano que se finda, analisamos onde erramos e acertamos e, fazemos planos. Nada melhor que fazer planos com aqueles que amamos. Assim vislumbramos um ano seguinte melhor e, assim recomeçamos.
Que neste Natal possamos celebrar o amor, aquele que nos impulsiona dia após dia, e que não esqueçamos do nosso próximo, porque um pouquinho de caridade faz um bem enorme à alma.
Assim vamos esperar 2012 com otimismo, acreditando que nele realizaremos nossos objetivos.
Então, cabe a mim terminar esse texto, sendo extremamente repetitiva e usando um dos clichês mais antigos que conheço:
Estranho como uma pessoa tão próxima pode ser tão maldosa com a gente. Ninguém nesse mundo está isento de defeitos, eu tenho muitos deles e os reconheço, sou até muito dura comigo mesma às vezes.
O grande problema é que sou muito condescendente com os defeitos alheios. Sempre arranjo desculpas para os erros cometidos para comigo. O sujeito é legal só passou por uma fase ruim, por isso foi desleal comigo. Toda aquela ignorância e leviandade cometidos foram apenas num momento de raiva, quando o ódio cega, preciso relevar.
Só esqueço que quem foi magoada fui eu e, sempre foi assim, desde muito pequena me acostumei com as pancadas, gritos, deboches, vivi muitos anos sob o julgo dos outros. Nada que eu fizesse era bom ou correto. E fui me sentindo cada vez "menos", quase acreditei nisso.
No final de 2007, quando uma crise existencial me tirou a razão, isso mesmo, estive bem próxima da loucura, enxerguei que precisava mudar. E venho num processo lento e contínuo desde então, revendo a minha forma de agir, conhecendo melhor a mim mesma e principalmente exigindo mais respeito dos que me cercam.
Uma coisa aprendi: aquele que vive sob o julgo de quem quer que seja, mesmo que pelo motivo mais nobre, nunca será feliz. Quem não se respeita, jamais poderá andar de cabeça erguida. Não aceito ser mais manipulada, servindo de joguete, sempre fazendo concessões, arcando com o peso de ser boazinha, não sou e nunca foi meu objetivo ser. Não estou sob a influência de quem quer que seja, todas as minhas atitudes são tomadas por mim exclusivamente apenas. Diferentemente de como era antes. Se querem culpar alguém, culpem a mim pelas minhas escolhas, não me curvo mais aos desejos alheios, nem mesmo por amor.
Hoje fui visitar uma senhorinha que perdeu o marido recentemente. Ela na cadeira de rodas se recuperando também de uma operação no fêmur, estava bastante triste, reclamando a falta do marido que partira. Minha tia a consolava dizendo que ela era uma mulher de sorte, por ter ficado casada por tanto tempo, e que somente ele, o tempo, poderia acalmar essa dor.
Enquanto conversávamos, o filho chegou, acariciou a mãe e nos contou que em julho quando os pais completaram 71 anos de casados, ele ajudou o pai a se arrumar para a missa em comemoração ao casamento duradouro, assim que ficaram prontos ele e o pai, de 97 anos sentaram na sala para aguardar a mãe. Quando a senhora chegou, o marido assim disse:
-Nadir, sente-se aqui, perto de mim.
A senhora aproximou-se, sentou e segurou a mão do marido suavemente, foi quando então ele sorrindo perguntou para ela:
-Você ainda me ama?
Nesse instante, percebi o tamanho da perda daquela senhora. Depois de tanto tempo juntos, uma pergunta dessa. O amor mudou muito nos dias de hoje, mas o que ouvi me inspirou a compartilhar a história. Cabe apenas uma indagação: quantos de nós poderemos fazer a mesma pergunta sem temer a resposta?
Hoje estou mais calma. Nos últimos dias estive extremamente desconfortável. Uma quantidade de pensamentos estranhos me atormentaram. Acho que de certa forma, o dia de finados me afetou. Lembranças ruins vieram a tona. A morte que certeira levou meu pai há 12 anos atrás. Não que as pessoas não possam morrer, claro que isso faz parte da vida, mas penso sempre que se meu pai tivesse mudado o rumo de sua vida, quando eu tinha 10 anos, talvez ele tivesse sido feliz. O que me entristece é saber que ele não foi!
De uma certa forma o culpo pela falta de coragem. Naquela época o casamento deles tinha fracassado, eu vendo as minhas fotos de menina, sempre noto um ar de tristeza em meus olhos, os adultos não sabem, mas as crianças sentem e são atingidas pela relação ruim dos pais. Minha mãe era uma mulher bonita, mas incapaz de amar o meu pai. Ele adoeceu com o desamor.
Ao invés de terminar e começar de novo, ele ficou na mesmice de tentar o impossível, ser feliz com uma mulher que estava tão imersa no seu profundo egoísmo que era incapaz de percebê-lo ou as filhas, que cresciam sozinhas no profundo silêncio das palavras não ditas.
Hoje olho para ela e me ressinto, penso que ela foi tão infeliz a toa, nos fez sofrer tanto e ainda se atormenta dia a dia. Uma doença eterna: insatisfação! Insatisfeita com a casa, com o salário, com a empregada, com a síndica, com as filhas, enfim, com o mundo. Nada é bom o suficiente e jamais será! Às vezes me pego olhando para ela sentindo enorme pena!
Papai se foi, os anos se passaram, eu de certa forma, apesar dos traumas, sobrevivi. Ela continua agindo do mesmo jeito, afastando as pessoas cada vez mais. Concluí que ela é feliz sendo infeliz!
De uma coisa tenho certeza, se pudesse dar um conselho ao meu pai, eu diria: "Saia hoje de casa, reconstrua a sua vida, se apaixone novamente, me dê irmãos, quero ter um pai feliz!" Quem sabe, se ele assim o fizesse, em minhas fotos de infância, não estaria presente em meus olhinhos negros, aquela imensa tristeza...
Meu terapeuta me disse que quando apareci em seu consultório há três anos atrás, nunca imaginou que eu pudesse evoluir tão rápido. Lembro-me daquele dia: uns 12 quilos a menos (hoje peso 60 kg), roupa preta, olhar sem vida, meu único sentimento era o medo e mais nada.
Fui nesse período me abrindo pro mundo, deixando a pessoa encarcerada dentro de mim mesma se libertar. Na verdade, eu mesma era prisioneira de mim. Desde menina, hoje olhando as fotos, se via uma tristeza oculta, inconscientemente meus pais me faziam acreditar que era responsável por tudo: "Ela é uma mocinha aos seis anos de idade!, Nossa filha é uma aluna exemplar!, Tome conta da sua irmã caçula!". Acreditei que a culpa por algo não ter dado certo era sempre minha.
Cheguei ao consultório sentindo o peso do mundo sobre mim. A culpa: pela morte do meu pai (ele enfartou!), pela difícil relação com a minha mãe (ela tem distemia!), pela profissão que não me rendia o que eu "achava que por tamanha inteligência" merecia (sou inteligente, mas não um gênio!), pelos relacionamentos que não davam certo (eu exigia demais de mim!), entre outras coisas.
Tinha convicção que não tinha dado certo e que a única responsável por isso era eu! E de certa forma tinha razão, porque acreditei que seria eu a cuidadora da família após a morte do papai, que era mesmo um fracasso de profissional, apesar de como professora ter experimentado todos os níveis de ensino, até em faculdade cheguei a dar aulas, que eu não era hábil para lidar com namoro. Desse jeito, adoeci.
Hoje, depois desses anos de terapia, descobri que meu pai faleceu em função do desgaste em seu organismo, que mamãe é minha mãe, mas isso não quer dizer que tenhamos afinidade, portanto evito embates e não me responsabilizo mais por suas ações, ainda tenho sobrecarga quanto às soluções dos problemas familiares, mas venho tentando dividi-los paulatinamente com minha irmã, no trabalho sou uma boa profissional por isso exijo respeito, estou namorando, ele é um cara muito legal, pela primeira vez estou amando, mas não me desespero se disse ou fiz algo que possivelmente ele não gostou, afinal ele também às vezes diz ou faz coisas que não me agradam, sou segura o suficiente para saber que esses entraves fazem parte da relação.
Estou em liberdade condicional, após anos na prisão. Fui prisioneira das ideias imutáveis, das certezas eternas, da culpa, do medo, da cobrança exagerada, da perfeição, da mordaça que calava minha voz e me impedia até de escrever meus versos.
Uma coisa descobri: eu mesma tinha a chave da minha cela. Tive coragem de abrir a fechadura e me conhecer de fato. Confesso que gosto mais de mim agora.
Um cansaço enorme se abateu sobre mim. Reunião complicada pela manhã, com gente difícil demais de conviver, não posso negar que de certa forma embates desse tipo ainda me afetam. Pessoas que insistem em mostrarem superioridade e, só participam de projetos caso as suas decisões sejam acatadas na íntegra.
No horário do almoço, ainda tive que visitar o advogado e acompanhar minha irmã nas compras. Confesso que nem as vitrines prenderam minha atenção.
Atendimentos, minha sala fervilhou a tarde, paralelamente enviava os emails necessários e, ainda montava a primeira aula do curso de capacitação que vou ministrar na semana que vem.
Nunca foi boa em "chupar cana e assobiar ao mesmo tempo". Findando a tarde, ao chegar em casa, com a energia se extinguindo, ainda fui fazer o relatório de envio da minha impressora que veio com defeito de fábrica.
Teimando com as necessidades de descanso do meu corpo, ainda trabalhei mais um pouco, analisando material de trabalho. Passa um pouco das vinte horas e meus olhos ardem de sono, meu estômago está enjoado e minha cabeça dói.
Preciso aprender a obedecer os sinais que meu corpo me mandam e, parar antes que chegue a exaustão. Quem sabe um dia ainda aprenda a controlar minha teimosia.
Tenho acordado cedo nos últimos dias, o sono anda meio descompassado. Neste domingo não foi diferente, acordei a tempo de tomar o café da manhã, um cheirinho gostoso vinha da cozinha e, atendendo ao chamado do olfato satisfiz meu paladar.
Uma conversa solta com minha mãe e irmã iniciaram meu dia, ambas tranquilas, apesar da mamãe sempre usar esses momentos de encontro para falar de "falsos problemas", como por exemplo, a tv por assinatura. Aí minha irmã desperta e inicia uma conversa sobre inventário. Tudo bem resolver pendências em família, mas prefiro aproveitar essas nuances de calmaria para relaxar, mas há uma teimosia em não me deixarem. Estava tão gostoso os planos para visitar meus tios, Stelinha e Cininho, no início de outubro.
Nada me restou, a não ser ir tomar um banho quentinho, ligar o computador, ver meus emails, entrar no facebook, administrar a Cittyville e ligar para uma amiga combinando o horário para irmos ao chá de panela da Paula.
Aqui descrevendo minha manhã, não posso omitir que meu pensamento tem dono neste domingo, alguém que está tão perto e tão distante, paradoxo do espaço.
Agora passa do meio dia, vou preparar miojo com creme de leite, porque não estou com vontade de ir à restaurante, nem perder muitas horas na cozinha.
Não posso esquecer de checar se o celular está carregado, porque nesta tarde irei esperá-lo tocar, assim pretendo diminuir essa saudade doída que preciso ocultar.