terça-feira, 17 de agosto de 2010

INCERTO DESEJO

    

     Não nos deixe escapar o momento, aquela noite de fim de inverno. As roupas ainda pesadas, a nossa conversa apressada pelo garçon que queria encerrar sua jornada. Eu fiz menção de pedir a conta, quando lembrei que reza a boa educação que isso fique por conta do cavalheiro. Então lhe sorri e você assumiu seu posto. Subimos pelo elevador e você me tomou em seus braços e aqueles segundos passaram mais rápidos que o normal.
     No hall de entrada, você notou que a estátua no meu aparador era exatamente igual a que você tinha em seu apartamento, rimos quando constatamos nosso gosto similar. O assunto apenas aumentou a proximidade entre nossos corpos, quando você me abraçou e nossos lábios se tocaram num beijo doce,  não gentil, mas ardente.
     Suas mãos ágeis percorriam meu corpo com destreza e habilidade e senti o quão quente nossos corpos estavam. Em poucos instantes não havia certo ou errado, éramos apenas nós dois angustiados pelos barulhos que nos faziam voltar à consciência de que não estávamos sozinhos e que poderíamos ser surpreendidos a qualquer momento. Tudo isso só aumentava  o desejo que contínhamos. Eu também o tocava com pouco pudor e meu corpo ansiava pelo seu.
     Precisávamos nos conter e fui à cozinha pegar um vinho. Dessa vez, não ousei abri-lo, foi você que o fez e apreciamos o néctar doce que acalmou nossas almas. Juntos, aninhados um no outro, já era alta madrugada e, nossa conversa fluía sem pressa.
     Adorei alisar os seus cabelos macios, quando você reclamou do corte exagerado realizado.  Dessa vez foi eu que procurei sua boca e mais uma vez encantei-me quando você disse como meu beijo era gostoso e despudorado.
     Você me desafiou dizendo que sem o salto era mais baixa que esperava e eu repliquei lembrando que  você era bastante alto como um jogador de basquete, mas lembrei-me que o tornozelo quebrado e os dedos tortos de suas mãos eram herança dos seus tempos de goleiro.
     Nossa noite findou quando ao despedir-se ousou perguntar qual botão deveria apertar no elevador, eu muito complacente decidi acompanhá-lo para que não se perdesse. Nossos abraços e beijos incendiaraam o elevador e foi com grande surpresa que ao parar, não estávamos no saguão, mas sim na garagem do prédio.
    Rimos mais um pouco  e aí sim te levei até a saída. Em nossos corpos ficou o gosto do que ainda não provamos e em nossa alma a incerteza de um próximo encontro.
    
 

3 comentários:

  1. Espero que este goleiro não tenha um sitio em minas! RUUUURRRRR....
    Primo Ri - Australia

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  2. Ui!!! Que esse encontro aconteça bem rápido!!!
    Fabricia

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  3. Amiga,

    Mais uma vez tentei postar no seu blog, tomara que tenha conseguido!!! Rsss Sua amiga é tonga nesses negócios. Mas adorei mais este conto. Maravilhoso né? Depois me fala se consegui postar.

    Bjocas

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