Nessa tarde que vai em direção da noite que logo cairá, um nó, uma sensação de imenso vazio permeia o tempo. Esse tempo que passa tão rápido, anseio por freá-lo, mas esbarro na impossibilidade física de conseguir tal façanha. Sozinha, toco meu rosto, revivendo momentos só meus, minhas mãos ágeis deslizam pelo teclado tentando traduzir em palavras o que vai na minha alma.
Estranhamente, o que sinto não pode ser traduzido em letras, essa instabilidade tão equilibrada, ando como se tudo soubesse, cheia de certezas vazias, sempre intensa, imersa nesses sentimentos efêmeros e contraditórios dessas tardes de solidão, em companhia de mim mesma.
Já não me permito dizer o que é certo ou errado, dúvidas recorrentes, angústia de não saber, palavras emudecidas, um frio que aquece lentamente, deliciosa incerteza, mas nesse turbilhão encontrei um lugar de paz.
Sinais da confusão que me devora, sei lá, tudo parece tão simples agora, e ao mesmo tempo tão complicado. Só sei que não quero repensar nada, descobrir nada, procurar por nada.
Agora que os últimos raios de Sol despedem-se do dia, e uma brisa fria sopra da serra, acalentando meu corpo, só me resta esperar, desejando que o tempo passe depressa, para eu estar novamente no meu lugar de paz.