quarta-feira, 21 de agosto de 2013

NOITE NA TABERNA


Conservatória no estado do Rio
Uma viagem em que o GPS deu trabalho
Demorou, mas chegamos ao Hotel Florença
Pura história no ar
A casa grande imponente
A roda d´água girando tranquila
A seresta do seu Pedro
O sarau do Barão Negro
O cheiro vindo do fogão de lenha
Uma breve viagem no tempo...
A noite grande atração
Ir ao centro no bar Taberna
Uma efusão de ritmos e esteriótipos
O cantor é quem menos canta
Nesse bar que parece de fantasia...
Tem o baixinho a la "Coisinha de Jesus"
Tentando a todo custo
Acompanhar o samba da mulata de ancas largas
Que do bar parecia figura cativa
Que também cantava Ana Carolina
Marisa Monte, Rita Lee, entre outras divas...
Não menos interessante
Despontava uma jovem senhora 
Com alguns anos a mais de sessenta
Dançarina de primeira grandeza
Nos lembrava as funkeiras de agora
Ia ao chão num rebolado insano
Virava o corpo em movimentos elípticos
Parecia dançar na velocidade dez
E muitas vezes nos assustava
Numa torcida contrária
Mentalmente dizíamos
Agora ela cai  ao chão
Mas num rápido mudar de passos
Ela conseguia completar a rotação
E nossos olhos não acreditavam
No que viam então...
Só perdia para as irmãs de shortinho
Cada uma com cor diferente
A idade não impedia
Que as pernas fossem instrumento
Para de todos angariar atenção
Belas com seus saltos, maquiagem e bebida
As coroas periguetes
Um show a parte na noite do Taberna...
O senhor oriental 
Tinha uma sensibilidade acima da média
Quando se encaminhou ao palco
Suscitou risadas daqueles que o subestimaram
Com tamanha destreza
O danado cantou em inglês, francês e espanhol
Deixando a multidão espantada
Com tamanha encenação...
Ah, o dono!
Senhor encantador
Uma energia contagiante
Geria o corpo de garçons
Que frenéticos atendiam aos fregueses
Num vai-e-vém de muitas bandejas
Repletas do néctar estonteante
Que dava ânimo aos cantores e dançarinos 
Num amadorismo de primeira grandeza...
Até mesmo eu me rendi
Com uma nada ajudinha de Julio
Que acenando ao cantor
Disse que Rose ao palco subiria
Meu coração disparou
Com um sorriso muito amarelo
Me aproximei e Eliz Regina cantei
Com  "O Bêbado e o Equilibrista"
Bebi e me equilibrei
Aplausos vieram em seguida
Sentei na mesa entorpecida
E mais um gole de cerveja tomei
A noite na Taberna é assim
A gente nunca sabe como termina
E quando termina deixa um gostinho de quero mais...

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

DESPRENDER-SE...


Olhei as pétalhes murchando lentamente
Não queria abrir mão de algo tão belo
Fui acompanhando o agonizar dela
Enfim percebi que precisava algo fazer
Por alguns instantes conversei
Disse que ela precisava ir embora
Suas raízes pediam solo firme
Dele se nutriria
O vento fresco tocaria suas pétalas 
O sol aqueceria seu caule
E novamente a vida voltaria lentamente
Ela obedeceu
Ergueu-se e cumpriu meu desejo
Foi-se então...
Compreendi naquele instante
Com lágrimas nos olhos
Vendo minha orquídea partir 
Que às vezes é necessário 
Desprendermos 
Dar asas
Abrir mão
Porque somente assim
É possível dar chance
Ao ser amado de reviver
Aprendi com isso
Que deixar partir também é amar...