sábado, 26 de novembro de 2011

VIDAS

Na minha ânsia de tentar entender
A cumplicidade espontânea que existe entre nós
A afinidade verdadeira que nos surpreende cada vez mais
O querer bem que nossos atos exprimem diariamente
Esse medo de perder, não de ficar sozinho, mas sim de ficarmos sem nos ver
Essa vontade de compartilhar o dia
Coisas boas, estresses, fracassos e sucessos
Simplesmente por querer que o outro saiba
Na minha crença só uma explicação
Estivemos juntos noutra encarnação
Vivemos outras vidas 
Muitas vezes tentamos
Aprendemos com nossos erros
Para nesse encontro acreditar
E desta vez fazermos de tudo 
Para juntos para sempre
Um com o outro ficar...

terça-feira, 15 de novembro de 2011

PERGUNTA

Hoje fui visitar uma senhorinha que perdeu o marido recentemente. Ela na cadeira de rodas se recuperando também de uma operação no fêmur, estava bastante triste, reclamando a falta do  marido que partira. Minha tia a consolava dizendo que ela era uma mulher de sorte, por ter ficado casada por tanto tempo, e que somente ele, o tempo, poderia acalmar essa dor.
Enquanto conversávamos, o filho chegou, acariciou a mãe e nos contou que  em julho quando os pais completaram 71 anos de casados, ele ajudou o pai a se arrumar para a missa em comemoração ao casamento duradouro, assim que ficaram prontos ele e o pai, de 97 anos sentaram na sala para aguardar a mãe. Quando a senhora chegou, o marido assim disse:
-Nadir, sente-se aqui, perto de mim.
A senhora aproximou-se, sentou e segurou a mão do marido suavemente, foi quando então ele sorrindo perguntou para ela:
-Você ainda me ama?
Nesse instante, percebi o tamanho da perda daquela senhora. Depois de tanto tempo juntos, uma pergunta dessa. 
O amor mudou muito nos dias de hoje, mas o que ouvi me inspirou a compartilhar a história. Cabe apenas uma indagação: quantos de nós poderemos fazer a mesma pergunta sem temer a resposta? 

domingo, 13 de novembro de 2011

CRISTAL

Hoje descobri:
Sou um cristal
Frágil, delicado,
Gentil, compreensivo!
Quase doce,
Sendo essa minha essência
Mesmo sem querer,
Quebro fácil
Assim não queria ser!
Mas não sei o que fazer?
Percebi algo que
Parece uma rachadura
Oh, belo vidro,
Pena ser tão fininho!
Engraçado que aos olhos
Menos sensíveis,
Sou apenas vidro duro
Que aguenta as batidas
Do destino,
Mas sou cristal
Que sente uma dor danada...

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

SAUDADE

Você me disse ao telefone:
"Acordei com saudade de você, meu amor!"
Mal sabia que a saudade em mim também doía
Essa semana quis ver você
Olhar seus olhos azuis
Tocar em seu toque
Cheirar seu cheiro
Conversar nossos papos
Acalmar minha calma
Para fazer sentido meu mundo
Quando você disse:
"Quero te ver hoje, amor!"
Respondi:
"Esse desejo
É tão meu, tão nosso
Fácil querer a mesma coisa!"
Assim somos nós
A mesma querência
A mesma necessidade
Tomaremos café juntinhos
Saboreando bolo
Cheirando pão quentinho 
Tornando minha tarde perfeita
Porque estaremos juntos
Simples assim...

domingo, 6 de novembro de 2011

TARDE VAZIA

Nessa tarde de sol
Meu estômago é desconforto
Uma pressão no peito
Meu corpo ainda é desequilíbrio
Enquanto o telefone não tocar
Minha calma não irá sossegar
Minha cabeça dói
Meus olhos estão cansados
Só você pode
Só você tem a chave
Me liga, me liga, me liga!
Preciso da sua voz
Do seu carinho
Da sua atenção
Acalme o meu coração
Que por você bate descompassado
Nessa tarde ainda vazia
Que aguarda
E ainda não aprendeu a esperar
Toque telefone
Pra minha tarde completar...

sábado, 5 de novembro de 2011

MENINA TRISTE

Hoje estou mais calma. Nos últimos dias estive extremamente desconfortável. Uma quantidade de pensamentos estranhos me atormentaram. Acho que de certa forma, o dia de finados me afetou. Lembranças ruins vieram a tona. A morte que certeira levou meu pai há 12 anos atrás. Não que as pessoas não possam morrer, claro que isso faz parte da vida, mas penso sempre que se meu pai tivesse mudado o rumo de sua vida, quando eu tinha 10 anos, talvez ele tivesse sido feliz. O que me entristece é saber que ele não foi!
De uma certa forma o culpo pela falta de coragem. Naquela época o casamento deles tinha fracassado, eu vendo as minhas fotos de menina, sempre noto um ar de tristeza em meus olhos, os adultos não sabem, mas as crianças sentem e são atingidas pela relação ruim dos pais. Minha mãe era uma mulher bonita, mas incapaz de amar o meu pai. Ele adoeceu com o desamor. 
Ao invés de terminar e começar de novo, ele ficou na mesmice de tentar o impossível, ser feliz com uma mulher que estava tão imersa no seu profundo egoísmo que era incapaz de percebê-lo ou as filhas, que cresciam sozinhas no profundo silêncio das palavras não ditas.
Hoje olho para ela e me ressinto, penso que ela foi tão infeliz a toa, nos fez sofrer tanto e ainda se atormenta dia a dia. Uma doença eterna: insatisfação! Insatisfeita com a casa, com o salário, com a empregada, com a síndica, com  as filhas, enfim, com o mundo. Nada é bom o suficiente e jamais será! Às vezes me pego olhando para ela sentindo enorme pena!
Papai se foi, os anos se passaram, eu de certa forma, apesar dos traumas, sobrevivi. Ela continua agindo do mesmo jeito, afastando as pessoas cada vez mais. Concluí que ela é feliz sendo infeliz! 
De uma coisa tenho certeza, se pudesse dar um conselho ao meu pai, eu diria: "Saia hoje de casa, reconstrua a sua vida, se apaixone novamente, me dê irmãos, quero ter um pai feliz!" Quem sabe, se ele assim o fizesse, em minhas fotos de infância, não estaria presente em meus olhinhos negros, aquela imensa tristeza...